Jornalismo independente de Joinville é tema de pesquisa
Cinco iniciativas de jornalismo independente praticadas em Joinville foram objeto de estudo da acadêmica Taynara Priscilla Reinert em seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Ela realizou entrevistas em profundidade com os responsáveis pelos veículos Paralelo, Replay, Mirante, Fazer Aqui e Metranca. A partir dos depoimentos, ela analisa o processo de formação, desenvolvimento e manutenção dessas iniciativas.
Levando em consideração o contexto de transformações atuais por que passa o jornalismo e com base na discussão de conceitos como hegemonia e contra-hegemonia, Taynara buscou refletir sobre possíveis estratégias necessárias para garantir a sobrevivência desses meios. A pesquisa aborda aspectos que vão das dificuldades vivenciadas, conteúdo editorial e formas de distribuição até manutenção econômica, processos de produção e credibilidade.
Entre os resultados, Taynara destaca a percepção de um ciclo que precisa ser rompido. “Os veículos independentes apresentam dificuldade em vender seus serviços o que resulta na falta de monetização, gerando falta se recursos financeiros”, explica. “Sem dinheiro, esses jornalistas precisam buscar outras formas de sustento o que leva à falta de tempo para produzir conteúdo para o veículo independente e começa tudo de novo”, completou. A falta de preparo ou de parcerias para planejar as iniciativas como negócio também foi apontada como principal desafio.
Em sua avaliação, a professora Amanda Miranda destacou a importância histórica do trabalho, pois faz um mapeamento do jornalismo independente praticado em Joinville na atualidade. Ela teceu vários elogios à pesquisa e afirmou que todas as suas considerações teriam como objetivo contribuir para uma continuidade da pesquisa ou para futuros artigos. Amanda sugeriu a leitura de estudos recentes sobre o tema, produzidos por pesquisadores do Pos-Jor (UFSC) e também a categorização dos veículos estudados que, na sua opinião, enquadram-se em classificações diferenciadas. “Vejo que temos três veículos de nicho, um generalista e outro ligado a uma causa”, observou. Tal tipificação é importante para levar em conta as peculiaridades de cada objeto de estudo. Utilizar a etnografia em vez de entrevistas também foi uma das sugestões.
Da professora Lívia Vieira, Taynara também recebeu vários elogios pela visão crítica, capacidade de síntese e de relação do tema com as teorias. Ela sugeriu excluir algumas discussões secundárias para reforçar a abordagem sobre credibilidade e confiança. “Creio que, mais do que a complexidade de discutir as diferenças conceituais entre jornalismo independente e alternativo, a questão central é pensar que essas iniciativas consideram o jornalismo para além de uma mercadoria, como serviço público e é isso que as diferencia”, afirmou Lívia. Outro conceito importante para o tema em futuros trabalhos, conforme a avaliadora, é o de transparência.
Taynara não conteve as lágrimas ao receber a nota da banca avaliadora: dez. Ela foi abraçada pelos amigos, avaliadoras e pela orientadora, professora Marília Crispi de Moraes.