Imigrantes germânicos: de heróis a vilões na história contada pelo jornal A Notícia
O acadêmico Herison Schorr mergulhou na história joinvilense. Por meio de pesquisas no acervo da Hemeroteca Digital Nacional, ele analisou edições do jornal A Notícia, do período de 1931 a 1942, para mostrar a mudança de posicionamento do veículo em relação aos moradores de origem germânica. Com orientação da professora Valdete Daufemback, ele desenvolveu a monografia “De agente do desenvolvimento a inimigo da nação: um estudo sobre a imagem do teuto-brasileiro”.
A principal questão que moveu o estudo foi descobrir por que o jornal A Notícia passou de um discurso de enaltecimento da imigração alemã, inclusive de apoio ao Nazismo, para a condenação dessas mesmas pessoas, além de demonstrar os marcos dessa mudança. Herison selecionou 30 matérias do jornal e, desse recorte, 11 passaram por uma análise de conteúdo.
Temas como pangermanismo, expansão do nazismo e campanha de nacionalização, além de teorias do jornalismo integram o trabalho. Durante a Campanha de Nacionalização encampada por Getúlio Vargas, qualquer manifestação germânica era proibida. Nem mesmo falar o idioma alemão era permitido. Mas, conforme as pesquisas de Herison, não foi só por respeito às ordens de Vargas que o discurso de A Notícia em relação aos valores germânicos se modificou. “De um dia para outro, o jornal que estava em crise, ampliou suas edições e também o número de páginas, pois houve apoio financeiro do governo da época, o que explica a mudança radical de postura”, explicou o futuro jornalista.
A banca avaliadora contou com um historiador, professor Gleison Vieira, e uma jornalista, professora Marília Crispi de Moraes. Gleison destacou a relevância histórica do estudo desenvolvido por Herison e sugeriu algumas referências bibliográficas que podem enriquecer o trabalho. Marília afirmou que viveu “um caso de amor e frustração” ao ler o TCC. “Temos neste trabalho um diamante raro que ganhou uma lapidação tímida”, comparou. A professora referiu-se à relevância e ineditismo da pesquisa, mas aos descuidos do acadêmico com o texto e com as normas da ABNT. Ao final, os avaliadores recomendaram a publicação dos resultados da pesquisa e a participação em eventos, tanto de História quanto de Jornalismo. Herison recebeu nota 9.