Bandas da década de 2000 voltam à ativa e relembram era de ouro do pop e do rock emo
Por: Camila Bosco
No cenário musical brasileiro, a década de 2000 foi marcada por um turbilhão de emoções, cores vibrantes e canções que se tornaram hinos de uma geração de adolescentes. Bandas como Restart, RBD, Cine e NX Zero, que ganharam destaque nesse período, recentemente anunciaram suas volta à ativa, reacendendo o amor dos fãs que viveram intensamente aqueles anos. Neste momento de retorno, uma onda de nostalgia invade os corações dos admiradores enquanto revisitam suas coleções de CDs, pôsteres e revistas.
A volta dessas bandas não é apenas um evento musical, é também uma celebração de uma época marcante da cultura pop. Os shows, as playlists antigas, os canais de música como a MTV e as redes sociais se tornam espaços para a nostalgia. Os fãs, que agora estão um pouco mais velhos e com outras responsabilidades, têm a oportunidade de reencontrar um pedaço da adolescência. Como é o caso da jovem Débora Pscheidt, de São Bento do Sul/SC, que aos 25 anos coleciona memórias com a banda favorita NX Zero.
Débora acompanha o grupo quando ainda estava caminhando na carreira, por assim dizer. Seu compromisso com eles é evidente e também compartilha sua paixão através de publicações nas redes. São mais 13 anos nessa jornada de fã e desde então já assistiu a oito shows e também participou de cinco camarins com os integrantes Di Ferrero, Caco Grandino, Gee Rocha, Daniel Weksler e Fi Ricardo. A contagem de encontros com a banda só aumenta, inclusive, ela participou dos shows da turnê “Cedo ou Tarde” que iniciou em maio deste ano.
A jovem relata que não recorda exatamente como chegou ao “NX”, mas em um dos natais em família, ainda criança, ela ganhou um dos CDs e passou o dia inteiro decorando as letras das músicas. Nessa época ela já colecionava revistas juvenis: “Ali eu realmente me apeguei e vi que eu gostei muito da ideia de escutar uma banda”.
Um dos momentos da sua história com o NX, mostra como as bandas podem juntar amizades por anos, assim foi quando conheceu a amiga Taci Beatriz em 2013 em uma das visitas ao camarim dos artistas. E embora as duas não morem na mesma cidade, elas mantêm contato. Debora conta que foram juntas no último show da banda antes do hiato e que fica muito feliz em poder compartilhar esses momentos com Taci novamente com o retorno da banda: “Foi muito legal, assim, mostrar que a gente foi no nosso primeiro camarim juntas e no último até antes do hiato. E agora com o retorno deles a gente comprou o ingresso pro último show do Allianz em São Paulo”
Há um sentimento intenso nas melodias que embalaram os corações dos adolescentes da década de 2000, muitas vezes as letras das músicas fazem sentido para o ouvinte que cria novos significados aos ritmos. Para Débora, a música “Cedo ou Tarde” tem grande importância e se tornou um conforto para ela e para o pai após a perda do avô, a música dispõe de um refrão onde o eu lírico – o personagem da melodia – permanece na espera de um outro alguém, mesmo que ele demore.
“Me sinto só, mas sei que não estou
Pois levo você no pensamento
Meu medo se vai, recupero a fé
E sinto que algum dia ainda vou te ver”
(Letra de Cedo ou Tarde)
Importante destacar o impacto cultural que alguns desses artistas tiveram em suas trajetórias. O Cine, por exemplo, com a mistura de rock e pop, conquistou fãs que agora vão poder revirar o armário atrás de seus posters da revista Capricho e redecorar letras e ritmos para a apresentação do grupo no Replay Festival que acontece em outubro no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Os admiradores do Restart, por sua vez, que acompanharam a evolução da banda desde os primeiros passos até os momentos atuais de sua carreira, vão poder se despedir definitivamente dos integrantes. Após oito anos de hiato, o grupo decidiu fazer uma turnê de despedida que deve passar por várias cidades do país, a intitulada “Pra Você Lembrar” também vai celebrar os 15 anos de carreira. Os músicos Pe Lanza, Pe Lu, Koba e Thomas prometem balançar as emoções.
É assim que a jornalista e influenciadora Annabel Nascimento, de 25 anos, relembra quando ia para a escola usando a famosa calça e óculos Ray-ban coloridos: ‘Isso fazia a gente se sentir mais unido, o fato de admirar uma banda em comum (…) tudo isso era um momento que aproximava eu e minhas amigas”. Também conta que ainda guarda as revistas que colecionou por anos e que “as capas são memoráveis”, cada uma representando uma fase da vida de adolescênte.
Annabel acredita que a volta dessas bandas podem trazer novos públicos, além dos fãs fiéis, isso porque o TikTok pode ser uma ferramenta para quem compartilha do amor pela música e brinca com a “teoria dos 20 anos”, esta que refere-se às tendências que retornam a cada vinte anos.
O retorno desses artistas que fizeram sucesso há mais de 10 anos traz à tona momentos específicos e criam novas conexões com sua base de fãs. Portanto, não celebram apenas a volta aos holofotes como também o ressurgimento de memórias que podem inspirar novas gerações.