Setembro Amarelo: a importância de discutir saúde mental nas escolas
Escolas de Joinville utilizam dinâmicas e conversas com profissionais para transmitir conhecimento sobre bem-estar emocional
Setembro é conhecido como o mês da prevenção ao suicídio. A campanha Setembro Amarelo, que se iniciou no Brasil em 2015, surgiu quando nesse mesmo mês em 1994, um jovem estadunidense de 17 anos, tirou a própria vida. Ele tinha um carro amarelo, e no dia do seu velório, seus familiares e amigos distribuíram cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que estivessem enfrentando problemas emocionais. Por este motivo a fita amarela tornou-se o símbolo da campanha.
Os dados atualizados do relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2022 estipulam que globalmente ocorrem em média 800 mil suicídios por ano. Essa a quarta maior causa de mortalidade entre adolescentes e jovens de 15 a 29 anos.
Emoções negativas podem se originar por multifatores, sejam eles psicológicos, genéticos, sociais, traumáticos ou abusos. O Ministério da Saúde informa que cada caso é único e deve ser tratado na sua individualidade.
Por esta razão, é importante estimular e desenvolver o diálogo desde cedo. Em algumas escolas de Joinville, existem projetos e ações de acompanhamento, para crianças e adolescentes, com psicólogos e demais especialistas.
No ano passado, na escola municipal Laura Andrade, ocorreram projetos sobre saúde mental com alunos do 1° ao 9° ano, com o objetivo de promover reflexões entre as crianças e adolescentes sobre a importância da vida, do autocuidado, sentimentos e emoções. As abordagens foram adaptadas para as diferentes faixas etárias. “Cada estudante deveria escrever ou desenhar sobre a valorização da vida junto com a família em um coração amarelo. Os corações foram colocados em uma árvore no pátio da escola e todos tiveram a oportunidade de ler. Notamos que os estudantes perceberam a importância de acolher todos os tipos de sentimentos, além de entenderem o impacto que suas ações e palavras podem ter na vida de outras pessoas”, conta a diretora Aparecida de Oliveira Modesto.
Em 2018, quando cursava o ensino médio na escola estadual Gustavo Augusto Gonzaga, Diogo de Oliveira foi diagnosticado com ansiedade e depressão. Por este motivo, faltava aulas com frequência e não interagia com os colegas de classe. Após conversa com a instituição e com o psiquiatra, notou-se a necessidade de afastamento do aluno. Além da compreensão por parte da escola, disponibilizaram um professor do Estado para dar aulas particulares para ele. “Me senti acolhido e seguro no momento que estava enfrentando. Meu principal medo era reprovar e perder o conteúdo nesse período, mas essa assistência possibilitou que isso não acontecesse e retornei a escola no ano seguinte”, relatou Diogo.
Falar sobre o assunto é ainda mais delicado por conta do efeito Werther, que se originou de um livro escrito em 1774 por Johann Wolfgang Goethe. Nele, o protagonista, o jovem Werther, tira a própria vida por um amor impossível. Nos anos seguintes, ocorreu um aumento de mortes na Europa por suicídio e semelhantes ao do livro.De tão significativo, o caso foi usado para nomear esse efeito, que seria como um estímulo para os que já possuem pensamentos autodestrutivos, explica o psicólogo e pós-graduado em saúde mental, Willian do Rosário. “Principalmente na adolescência, é comum que haja sensações e pensamentos de mal-estar, pelas mudanças físicas e psíquicas, além dos contextos socioculturais. Os sentimentos nessa fase são potencializados, então estimulamos os adolescentes a descrever lembranças felizes, dessa forma, desenvolvemos uma sensação de bem-estar. Durante essas aulas, eles sentiam segurança em nos procurar para conversar e expor seus sentimentos”, contou William.
Procurar profissionais especialistas no assunto como terapeutas, psicólogos e psiquiatras é essencial para desenvolver a fala e entender melhor os sentimentos.