No mês de conscientização do autismo, jornalista lança documentário sobre diagnóstico tardio
Por Arthur Lincoln Ferreira
Desde 2007, 2 de abril é considerado o Dia da Conscientização do Autismo pela ONU (Organização das Nações Unidas). O objetivo é informar a população para quebrar discriminações e preconceitos com as pessoas que possuem TEA (Transtorno do Espectro Autista). Há quatro anos, entidades envolvidas com a campanha seguem com um tema único nas redes sociais, esse ano foi #AutistaValorizeCapacidade. Essa campanha ocorre em outros lugares do mundo, iluminando de azul importantes monumentos, como o Empire State Building, nos EUA, a Torre Eiffel, na França, as pirâmides do Egito. No Brasil, a campanha é realizada no Cristo Redentor.
Em Santa Catarina, o jornalista e egresso da Faculdade IELUSC, Herison Shorr produziu um documentário com o nome “Perdidos na Floresta – A caminho do precipício”, na qual retrata as dificuldades dos jovens em estarem vivendo atualmente em um espaço hostil sem uma representação de confiança.
Herisson foi diagnosticado com autismo na fase adulta. Quando recebeu o diagnóstico, num primeiro momento, sentiu tristeza extrema, pois chegou a conclusão que alguns comportamentos que trouxe desde a infância não irão, de fato, desaparecer na fase adulta, por serem comportamentos que fazem parte da característica de pessoas com TEA.
“Receber o diagnóstico de autista na fase adulta é, verdadeiramente, um turbilhão de pensamentos. Eles são intensos e há necessidade de apoio psicológico para discerni-los”, diz Herisson.
Para Herisson há o sentimento de raiva, principalmente, dos pais, pois sentiu-se enganado por eles, depositando-os a culpa do diagnóstico tardio; posteriormente, houve o sentimento de remorso por ter culpado os pais pelo que nem eles e a sociedade em geral tinham conhecimento sobre a temática autista.
Sobre o autismo
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) pode desencadear dificuldades na comunicação, interação social e comportamento do indivíduo. No Brasil, que conta com pouco mais de 207,7 milhões de habitantes, conforme dados de 2021, do IBGE, se estima que aproximadamente dois milhões de pessoas (0,96% da população) se enquadrem no espectro autista.
Entre 2022 a 2023, no Brasil, o número de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados em salas de aula comuns aumentou 50%: saltou de 405.056 para 607.144, segundo dados do Censo de Educação Básica.
No ensino superior os números caem, de acordo com o levantamento do Censo da Educação Superior de 2022 que aponta 6.063 pessoas com o ainda denominado Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) ou seja, dentre elas as pessoas autistas, estão matriculadas em instituições de ensino superior no Brasil. O TEA é um dos cinco tipos do TGD. Sendo assim, todos aqueles que têm algum grau de TEA possuem um TGD.
No Brasil, existe uma lei criada em 2012 chamada Lei Berenice que garante aos autistas o diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além do acesso à educação, proteção social e trabalho. Sendo assim, foi criada uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.