Projeto resgate lança “falou bonito”: oficinas de oratória gratuitas para jovens de Joinville
As oficinas acontecem na sede da associação para alunos da rede pública municipal das regiões sul e sudeste do município.
Por Giovana Franco.
Na primeira quinzena do mês de agosto, a Associação Projeto Resgate deu início ao “Falou Bonito”, que são oficinas gratuitas de oratória para alunos de 12 a 18 anos da rede pública municipal de Joinville. O projeto consiste em oito encontros semanais com uma hora e meia de duração, cujo objetivo central é desenvolver habilidades de oratória e instrumentalizar os participantes a fundamentar e defender suas próprias opiniões. Além disso, a iniciativa visa proporcionar o entendimento das necessidades do mercado de trabalho e as oportunidades que ele oferece àqueles que se comunicam bem, promovendo o engajamento produtivo e inteligente nas questões de relevância para a sociedade.
As atividades serão conduzidas por estudantes universitários capacitados, chamados de “facilitadores”, que oferecerão aos adolescentes experiências lúdicas e os incentivarão, por meio do exemplo, a conhecer com profundidade as questões sobre as quais buscam formar opinião. Esses “tutores” também vão estimular os alunos a: estruturar o pensamento e discurso de forma lógica e coerente; desenvolver empatia e respeito ao próximo; aprimorar a capacidade de falar de forma clara, persuasiva e cativante; estimular a capacidade de receber críticas que contribuam para o aprimoramento das suas habilidades de oratória e, por extensão, para o seu desenvolvimento em geral. “A oratória ajuda os adolescentes a se sentirem mais seguros ao se comunicar, o que pode impactar diretamente em suas relações interpessoais e no modo como enfrentam desafios futuros, tanto acadêmicos quanto profissionais. Além disso, trabalhar essas habilidades desde cedo contribui para o desenvolvimento da autoestima e da confiança”, enfatiza Hemilly Souza (20), mentora do Falou Bonito.
Um aprendizado para a vida
De acordo com o Diagnóstico Social da Criança e do Adolescente de Joinville, as regiões Sul e Sudeste apresentam baixos índices de desenvolvimento socioeconômico. As oficinas de oratória chegam como uma contribuição para diminuição e prevenção desses e outros problemas, assegurando a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Samuel Berzeruska (15) acredita que a oficina de oratória vai ser importante para toda a vida e sempre que precisar fazer uma entrevista de emprego, uma boa oratória vai lhe auxiliar em passar uma maior confiança às pessoas. Sua facilitadora, Hemilly afirma que, durante os encontros é enfatizado que oratória não é apenas falar bem em público, mas também se comunicar no dia a dia. A habilidade de se expressar bem é essencial em várias situações, seja para realizar uma compra, interagir socialmente ou fazer uma apresentação importante.
Os novos recursos de comunicação eletrônica produzem alguns efeitos reducionistas na comunicação. Frases incompletas, abreviações e emojis facilitam a troca de informações, mas tornam as argumentações pobres e prejudicam o desenvolvimento cognitivo. Uma boa oratória contribui para a ascensão socioeconômica, pois permite uma comunicação eficaz, construção de relacionamentos, influência, liderança e persuasão. Pode abrir portas, aumentar a credibilidade e contribuir para o sucesso profissional em diversos campos. Como o Karlos Martin (14), que deseja melhorar a forma que se comunica através de uma boa dicção sem os vícios de linguagem, como “aham” e “é” (sic). Além disso, dominar a arte de falar em público é crucial no exercício da cidadania, pois permite que os indivíduos participem ativamente dos assuntos públicos, sendo capazes de: comunicarem ideias com clareza; disseminarem informações importantes; articularem argumentos; contribuírem para debates respeitosos; mobilizarem apoio para causas importantes; defenderem direitos; e participarem da tomada de decisões que afetam suas vidas e comunidades. “Eu espero que as oficinas me ensinem a perder a ansiedade de falar em público e também a criar autoconfiança para me comunicar e cativar o público”, compartilha Laura Werner, de 14 anos.