Projeto sustentável ganha destaque com mais de 100 mil tampinhas arrecadadas
Por Luana Maia
A campanha envolveu 670 alunos e promoveu empatia e solidariedade na comunidade de Jaraguá do Sul.
A sustentabilidade vem ganhando força nos mais diversificados setores. A maneira de consumir, o descarte correto do lixo e a preocupação com hábitos sustentáveis são pequenas ações que vêm se transformando. Tampinhas de embalagens como refrigerantes, xampus e amaciantes são muito valorizadas na reciclagem e podem servir de moeda de troca em ações solidárias.
Pensando nisso, os alunos da Escola Municipal de Educação Básica Vitor Meirelles, de Jaraguá do Sul, se uniram para criar o projeto “Tampinhas do Bem”. O objetivo da ação é arrecadar tampinhas plásticas e trocar por fraldas para o Hospital São José, também na região. A engenheira ambiental Mariana Emmerich destaca sobre a importância do projeto para a conscientização e qualidade de vida do planeta. “Acho que é uma excelente iniciativa, pois envolve a pessoa no seu dia a dia, em casa. Acredito que é a partir de ações como esta que conseguimos promover a participação da sociedade na mudança que gostaríamos de ver no mundo.”
Rosangela Aparecida Ramalds, diretora da escola, relata que a ideia surgiu durante uma reunião pedagógica, os professores perceberam que muitas garrafas plásticas estavam sendo descartadas sem a devida reutilização. “A coordenadora Maria do Carmo comentou que existia o projeto Tampinhas do Bem e pensamos em como ensinar que aquela tampinha poderia impactar a vida de alguém”, destacou.
Essa é uma ação que visa conscientizar a população sobre a importância da reciclagem e do voluntariado. Rosangela destacou a importância de ensinar desde cedo aos alunos o valor de pequenas ações que podem alcançar grandes feitos. “Ensinar a reciclar e mostrar que não se pode jogar tampinhas em qualquer lugar é essencial. Qualquer tipo de tampinha pode ser destinada a uma empresa que reutiliza esse plástico para fazer fraldas”, avaliou.
A partir dessa definição, as pedagogas sugeriram fazer uma competição em que cada turma arrecadaria tampinhas. Ao todo, 670 alunos participaram da campanha, reunindo cerca de 100 mil tampinhas. A pequena Lavínia Pavaneli, 7, foi uma das alunas mais engajadas. “Meu avô está no hospital e também precisa usar fraldas. Eu aprendi que podemos cuidar das pessoas, e ao mesmo tempo, continuar ajudando o meio ambiente”, contou a aluna.
De acordo com a diretora, ao iniciar a campanha, não se esperava que tomasse uma proporção tão significativa. “Os pais chegavam à escola com caixas cheias de tampas de diversos tipos. Eles contavam que seus filhos haviam explicado a importância e o propósito do projeto, ficamos encantados”, reforçou.
Durante meses de arrecadação, os alunos aprenderam não apenas sobre reciclagem e sustentabilidade, mas também sobre empatia e solidariedade. A cada semana, novas metas eram estabelecidas, incentivando as crianças a se superarem e a envolverem suas famílias e amigos na coleta das tampinhas.
Transformando o lixo em cuidado
Segundo o site Tampinhas Solidárias, cerca de quatrocentas tampinhas plásticas de refrigerante são equivalentes a 1kg. Para comprar uma fralda geriátrica é necessário 1kg de tampinhas.
As tampinhas foram entregues à Casa São José, que as vende para uma empresa especializada em reciclagem. Essa empresa paga R$ 2,70 por quilo de tampinhas plásticas, e o valor arrecadado é destinado à produção de fraldas para os pacientes do Hospital São José, que enfrentava problemas devido à falta desse item de higiene pessoal.
Nairo Diniz Andrade, assistente administrativo do Hospital São José, enfatizou a importância da iniciativa. “O benefício é muito grande, pois ajuda a comunidade e os pacientes a manterem a esperança. Qualquer pessoa na UTI vai usar fralda e isso evita a preocupação da família”, comentou.
A falta de fraldas no hospital é um problema recorrente e a campanha das tampinhas veio em um momento crucial. “Recebemos mensalmente essas fraldas e isso faz uma enorme diferença para nossos pacientes e suas famílias”, explicou Nairo.
As professoras destacam a dedicação dos estudantes, que já realizaram grandes gestos para a localidade. A iniciativa comprova que o agir local gera impactos significativos. Mariana Emmerich, engenheira ambiental, explica que “a sustentabilidade é essencial para a manutenção da vida humana na terra. Precisamos, como sociedade, compreender que nossas atividades influenciam diretamente na qualidade de vida no planeta. Se desejarmos pensar no futuro, precisamos agir no presente. Por isso, considero de extrema importância falar sobre, conscientizar a população, tomarmos atitudes mais responsáveis na maneira como consumimos e nossos hábitos”.