
Nosferatu: Terror com classe!
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Nosferatu é o que muitos críticos consideram Cinema com “C” maiúsculo. Os visuais são incrivelmente belos, a trilha sonora é impactante e a jornada que o filme narra não é apenas muito bem escrita, mas também magistralmente interpretada por um elenco repleto de estrelas. Dito isso, apesar de ser tecnicamente impecável, Nosferatu é um filme muito denso que não agradará a todos.
Pessoalmente, como alguém que assiste a centenas de filmes por ano, gostei de grande parte de Nosferatu. Nunca assisti ao filme original de 1922 nem a outras adaptações da história. Este foi meu primeiro contato com este conto, seus personagens e universo. Infelizmente, não posso dizer que amei o filme. Certamente gostei, mas amar? Isso já é um sentimento forte demais para descrever minha experiência.
Robert Eggers, o diretor, criou um dos meus filmes favoritos de todos os tempos (A Bruxa), então minhas expectativas para Nosferatu eram altíssimas. Visualmente, ele entrega um dos filmes mais bonitos da década, utilizando iluminação natural e uma mistura quase perfeita de CGI e efeitos práticos. No entanto, apesar de ser tecnicamente impecável, senti que a história estava um pouco confusa. Mesmo com os movimentos de câmera cativantes e o estilo único de narrativa de Eggers, o protagonismo compartilhado fez com que Thomas (interpretado pelo talentoso Nicholas Hoult) – inicialmente o personagem principal – nunca tivesse a chance de se provar como o motor que impulsiona o filme. Depois da primeira metade, ele não faz nada realmente impactante. Ellen, por outro lado, me conquistou com uma performance poderosa de Lily-Rose Depp. O sofrimento de sua personagem e sua trágica luta contra os fantasmas do passado me prenderam do início ao fim.
Willem Dafoe também está no filme, e, à primeira vista, achei que ele estava um pouco fora de lugar. Seu personagem parece estar em um filme completamente diferente no início. Contudo, conforme me acostumei, ele deixou de parecer um possível erro de escalação para se tornar uma explosão de energia necessária na segunda metade do filme.
O grande destaque aqui é Bill Skarsgård, que entrega uma performance intensa e memorável. Graças à direção, sua atuação é ampliada pela atmosfera sombria e imersiva do filme. Sua voz e a calma assustadora que ele traz ao personagem Nosferatu tornam a figura ameaçadora, imponente e extremamente intimidadora. Eggers utiliza as sombras e o jogo de luz para explorar o medo natural do desconhecido, estendendo a presença de Skarsgård mesmo em cenas em que ele não aparece fisicamente. Minha única crítica é em relação ao design do rosto de Nosferatu. Apesar de parecer ameaçador, o bigode me tirou um pouco do filme. Não acho que funcionou muito bem, pois às vezes dava um ar ligeiramente cômico ao personagem.
A trilha sonora é impecável, definindo o tom e mergulhando o público no universo sombrio de Orlok. O design de som também é excelente, fazendo com que os momentos de morte, doença e sofrimento pareçam cruéis e extremamente reais. Assim como os outros filmes de Robert Eggers, não recomendaria Nosferatu para quem não está emocionalmente preparado, já que a história explora temas sombrios e perturbadores que podem ser difíceis de assistir.
Nosferatu é uma história intensa e chocante sobre a natureza do mal e como, às vezes, o amor não é suficiente para superar as sombras do passado. Altamente recomendado para os fãs de terror.
Avaliação: 4/5
