Serra Dona Francisca ganha duas novas áreas de escape
Com previsão de entrega para junho de 2026, conjunto de obras na SC-418 teve antecipação emergencial
Por Giovanna Marques
Pela primeira vez na história, uma rodovia de Santa Catarina passa a contar com áreas de escape, zonas de segurança para a desaceleração de veículos que perdem o controle ou capacidade de frenagem. Os dispositivos serão instalados nos km 15,3 e 17,4 da Serra Dona Francisca, na SC-418, entre Joinville e Campo Alegre, no Norte catarinense.
Com investimento total de R$ 35 milhões, as áreas de escape contam com uma caixa de argila expandida para absorver o impacto e reduzir gradualmente a velocidade de caminhões e automóveis. Previstas desde a conclusão do projeto executivo de revitalização da rodovia estadual, em 2022, as áreas de escape têm inspiração nas rampas da BR-376, em Guaratuba (PR). Para Cesar Sass, diretor superintendente da Arteris Litoral Sul, concessionária que administra a rodovia federal, as áreas de escape se consolidaram como um dos dispositivos mais eficazes em situações de emergência.
“Cada acionamento representa não apenas a preservação de uma vida, mas também o êxito de um trabalho coletivo. É motivo de muito orgulho saber que o trabalho realizado se tornou referência nacional”, afirma Sass. O projeto inicial previa quatro áreas de escape. No entanto, duas delas foram antecipadas emergencialmente após um acidente que deixou 75% de Joinville sem abastecimento de água por 20 horas. Na ocasião, um caminhão carregado com ácido sulfônico tombou na curva do km 15 e contaminou o rio Cubatão.

Atualmente, rochas estão sendo detonadas para “abrir espaço” e permitir a construção dos dispositivos. Em um dos pontos, uma curva será totalmente redesenhada para torná-la menos sinuosa. No primeiro dia de detonações no km 17, em 10 de outubro, foram necessários 2 mil explosivos. Na atual etapa, além da movimentação do aterro deixado pela detonação, utilizada na própria área de escape, já está sendo preparada a concretagem do espaço.
A previsão é que ainda em novembro aconteçam as detonações da segunda área de escape. “Os trabalhos seguem na fase de terraplanagem, com previsão de conclusão até dezembro, quando deve se iniciar a pavimentação das estruturas”, afirmou o secretário Jerry Comper em uma análise geral divulgada no site oficial da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (SIE). O prazo para a conclusão e entrega está previsto para junho de 2026.
“É motivo de muito orgulho saber que o trabalho realizado se tornou referência nacional.”
Cesar Sass, Diretor da Arteris Litoral Sul
Acidente motivou antecipação das obras
Em 29 de janeiro de 2024, o motorista de uma carreta, carregada com 115 tambores de ácido sulfônico, perdeu o controle do veículo na primeira curva após o mirante da Serra Dona Francisca. Após colidir contra um automóvel, o veículo bateu de frente contra um barranco, conforme a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), divulgada em setembro de 2024. Devido à colisão, o carregamento vazou para a pista e o produto químico, usado para a fabricação de detergentes líquidos, desengraxantes e limpadores em geral, foi derramado no rio Seco, um afluente do rio Cubatão.
Devido à colisão, o carregamento vazou para a pista e o produto químico, usado para a fabricação de detergentes líquidos, desengraxantes e limpadores em geral, foi derramado no rio Seco, um afluente do rio Cubatão. A Companhia Águas de Joinville (CAJ) precisou suspender as operações da Estação de Tratamento de Água (ETA), por cerca de 20 horas. Ao todo, 34 dos 43 bairros do município foram afetados. Durante o período, todos os olhares dos moradores de Joinville se voltaram para a espuma que tomou conta do principal rio responsável pelo abastecimento de água potável.
Conforme apuração do MPSC, a carreta transportava quantidade de substância muito superior ao permitido em legislação e em embalagens inadequadas. Além disso, o caminhão também apresentava falhas mecânicas devido à falta de manutenção regular Os denunciados estão sendo processados por supostos crimes ambientais como poluição hídrica dolosa, danos à unidade de conservação e transporte irregular de substâncias perigosas.
