Amor pelo esporte aproxima aventureiros do perigo
Por Dielin da Silva
O esporte de aventura exige um grau de esforço físico maior do que outras modalidades. Trilhas em mata fechada, escaladas, subidas em altas montanhas e até longos trajetos de bicicleta encaixam-se nesse tipo de esporte. Algumas pessoas, como Liane Teresinha Zoz, 47 anos, buscam no esporte uma forma de largar o sedentarismo; outras, como Rossano Franksoá Tribes, 42, têm conexão com a natureza desde criança.
Aos 9 anos, Rossano já fazia suas incursões pela mata, em companhia do avô, tios e do pai. Sua família foi pioneira na abertura de algumas trilhas. “Diante disso, foi fácil incorporar outros tipos de aventura e hoje faço praticamente de tudo.” E lá se vão 34 anos praticando esportes em meio à natureza.
Mas, mesmo com tanta experiência, Rossano não deixa de tomar cuidados para prevenir acidentes. “No meu caso, o risco operacional é constante, pois além de trilhas consolidadas, eu abro trilhas em lugares isolados e inexplorados e normalmente faço isso sozinho”, explica. “Também faço condução em trilhas, então, nesse caso, tenho a responsabilidade de cuidado com outras pessoas”, completa.
Por vezes os aventureiros acabam enfrentando complicações, como se perder na mata, por exemplo. É aí que entra em ação o Grupo de Resgate em Montanha de Joinville (GRM), que atua em toda a região norte de Santa Catarina. No total, são 62 membros e 15 candidatos em treinamento, que também atuam em ações de ajuda humanitária e utilidade pública, conforme o coordenador do GRM, Ademir Camillo Junior.
Contato com animais peçonhentos, gretas, precipícios, escaladas e passagem por rios turbulentos são alguns dos perigos já enfrentados por Tribes. Entre os cuidados para evitar apuros estão providências como conhecer o próprio corpo e seus limites e os equipamentos a serem usados. “Usar GPS, levar uma lanterna e até mesmo bastões de caminhada podem ser bem úteis”, afirma Rossano.
Ademir também dá algumas dicas de cuidados a serem tomados antes de um passeio na mata: “Ir com alguém que conhece a trilha, ou até mesmo um guia; avisar as pessoas próximas de quando está indo e quando vai voltar; levar alimentos de acordo com a atividade; utilizar roupas e equipamentos adequados; estar em condicionamento físico adequado para aquela atividade; atentar-se às condições de clima da região na data escolhida.”
O sonho que se tornou pesadelo
O desejo do alpinista jaraguaense Hélio Fenrich, 43 anos, de atravessar a Transamazônica surgiu há 15 anos, quando ele estudou e mapeou o local, porém um fato inesperado o impediu de concretizar sua aventura. Naquela época ele se aproximou dos esportes de aventura através do alpinismo, assunto que estudava desde 1995, quando aconteceu a primeira conquista brasileira do Monte Everest.
Depois de muitas façanhas em altas montanhas, como as escaladas dos montes Denali e Aconcágua, ele finalmente conseguiu marcar a viagem ao Pará. Antes da partida, sua maior preocupação era a longa distância entre os vilarejos da parte final da rodovia, cerca de 300 km uma da outra. O que ele não contava era com a possibilidade de ser assaltado logo no início do percurso. Restou-lhe apenas sua companheira da aventura, a bicicleta.
“A partir do momento que você se propõe a fazer esse tipo de atividade, está sujeito a acontecer o que aconteceu comigo”, comenta. “Poderia ter acontecido em qualquer parte do Brasil”, completa. Mesmo com a possibilidade do fim desse sonho passando diante dos olhos, ele conseguiu manter a calma, pois sabia que era melhor não reagir. “Foi uma situação bastante desconfortável, por conta da perda financeira, mas o preparo emocional fez a diferença para que eu não me abatesse”, relembra.
Hélio criou uma vaquinha online para conseguir se manter durante a travessia e voltar para casa. Por causa do assalto, a aventura que deveria durar aproximadamente um mês durou apenas 21 dias.
Saída para o sedentarismo
A bicicleta também é aliada de quem pratica atividades semanais. Liane Teresinha Zoz, 47, e o marido, Marcos Pscheidt Marques, 53, começaram a pedalar há três anos porque precisavam praticar algum exercício. Não se adaptaram à academia e então escolheram uma atividade ao ar livre, sem muito compromisso.
No início pedalavam cerca de 40 a 50 km, indo de Jaraguá do Sul até Corupá. Interromperam as pedaladas por algum tempo e voltaram às atividades no ano passado, agora com um grupo de mais 11 pessoas além do casal. Balneário Camboriú, Barra Velha e Laranjeiras são alguns dos destinos que a equipe percorreu. Liane diz que já passaram por alguns momentos de pânico. “Mas foram apenas sustos”, resume.