Alterações nas leis de trânsito propostas pelo governo provocam receio
Passou a valer desde o dia 16 de setembro o novo ordenamento que diminui de 25 para 20 horas o número mínimo de aulas práticas para obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Além dessa alteração, há outras propostas polêmicas do governo federal encaminhadas ao Congresso, como a ampliação do prazo de renovação da CNH de cinco para dez anos e aumento de 20 para 40 no limite de pontos por infrações.
Para o diretor de ensino da SL Auto Escola, Rodrigo Leu, a economia com a diminuição das horas de aula pode ser enganosa. “Para o aluno não é legal. Ele vai pagar menos? Não necessariamente, pois pode precisar fazer mais aulas.” Se o futuro motorista não alcançar desempenho mínimo de 70%, estipulado pelo Detran, não pode avançar para a prova prática.
Em 2018, conforme dados do Detran-SC, foram emitidas 8.388 primeiras habilitações em Joinville. Este ano, até o mês de setembro, foram 6.986. O mês de pico de emissões costuma ser dezembro – no ano passado foram 969 – por conta do recebimento do décimo terceiro salário.
A auxiliar de qualidade, segurança e meio ambiente Priscila Santos está cursando autoescola. Ela afirma que se sente insegura para passar na prova prática com menor carga horária. Gustavo Schroeder, assessor de marketing digital, está prestes a iniciar as aulas práticas e também defende mais tempo de aprendizado. “Há uma galera que comete mais erros, então penso que, quanto mais tempo de aula, melhor será o motorista após a conclusão do curso”, opina.
De 2014 a 2018, de acordo com o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, ocorreram 14.623 acidentes de trânsito em Joinville. A proposta de dobrar o limite de pontos na carteira preocupa Atanir Antunes, gerente do Detrans. “Acredito que vai aumentar a impunidade e vai incentivar o cometimento de infrações de trânsito”, prevê.
Aumentar o prazo de renovação da CNH de cinco para 10 anos também traz apreensão para Antunes. “O que é renovado é o exame de saúde. Imagine uma pessoa com dificuldade visual e com mais idade, o correto seria diminuir o tempo para conferir melhor a saúde da pessoa”, afirma. Ele também classifica como “aberração” a ideia de extinguir a multa para a ausência da cadeirinha para crianças: “Infelizmente as pessoas só respeitam a medida porque é obrigatória, assim como o cinto de segurança. Então imagina quantas crianças ficariam desprotegidas”.