TCC discute jornalismo ambiental na TV
A aluna de Jornalismo Gabriela Bittencourt da Silva estudou a “A Linguagem televisiva na construção da narrativa do jornalismo ambiental” em seu trabalho de conclusão de curso. A apresentação para a banca avaliadora ocorreu na noite de segunda-feira. Ela analisou principalmente os aspectos audiovisuais da cobertura realizada pelo programa Fantástico no domingo seguinte à tragédia de Brumadinho, em janeiro de 2019.
Gabriela mostrou que, a princípio, havia uma vinculação entre jornalismo científico e ambiental. Com a crescente conscientização sobre a importância do meio ambiente para o bem-estar da humanidade, a área gradualmente passou a ter maior relevância. “Após a Eco-92, os jornalistas perceberam que o jornalismo ambiental era diferente do jornalismo científico, então passou-se a tratar os dois como editoriais diferentes.” A Eco-92 foi uma conferência da ONU, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, que reuniu vários chefes de Estado para discutir problemas ambientais.
Em seu estudo, Gabriela usou análise de conteúdo, por meio do recolhimento de textos, sons, símbolos e imagens encontrados na mídia. Ela também apurou, quantitativamente, a frequência de tais elementos em seu objeto de estudo.
Entre os resultados, a acadêmica demonstrou que o programa priorizou fontes não-oficiais, ou seja, cidadãos comuns impactados pela tragédia e não fontes oficiais, como policiais, bombeiros ou outras autoridades governamentais. Dese modo, busca-se provocar a empatia do público com a situação. Outro aspecto observado foi o uso de várias imagens de cinegrafistas amadores, captadas com celulares.
Gabriela também destacou a preocupação com o aspecto pedagógico para explicar como o desastre ocorreu, com uso de imagens de computação gráfica. No quesito sonoro, a estudante realçou o uso de trilhas com melodias tristes. Embora se enquadre como jornalismo ambiental, pela temática, a narrativa focalizou mais a tragédia, segundo a pesquisa.
A professora Marília Crispi de Moraes, uma das avaliadoras, observou que o TCC da estudante leva a refletir que a prática do jornalismo ambiental ainda é muito restrita a momentos trágicos, como o de Brumadinho e que deveria ser exercido continuamente com essa preocupação de aprofundamento. “Obviamente, no caso que você escolheu para estudar, era inevitável que, considerando os critérios de noticiabilidade, o foco fosse a tragédia”, afirmou. A professora Maiara Maduro sugeriu que a aluna elabore melhor a discussão sobre a separação entre jornalismo científico e ambiental. A pesquisa foi orientada pela professora Beatriz Cavenaghi. Gabriela foi aprovada com nota 9.