Reportagem conta histórias de mulheres no presídio de Joinville
Para executar seu projeto experimental de Jornalismo, a estudante Catherine Kuehl encarou vários desafios: realizar uma reportagem multimídia totalmente pensada para leitura em smartphone (mobile first), conhecer melhor as histórias de mulheres que passaram ou ainda etão no Presídio Regional de Joinville e aventurar-se pelos caminhos do jornalismo literário. A nota 10 obtida ontem, após a apresentação do trabalho para a banca avaliadora, demonstra que a repórter cumpriu seus propósitos.
O trabalho mescla muitas informações sobre o sistema penal brasileiro aos relatos de três mulheres, duas delas que ainda estão no presídio e outra que já cumpriu sua pena. Entre as motivações de Catherine para o tema está a constatação de que raramente as encarceradas são ouvidas nas matérias jornalísticas. “Em Santa Catarina, embora apenas 15% da população se declare preta ou parda, 38% das mulheres presas são negras”, afirma Catherine.
A reportagem também traz depoimentos de profissionais, como advogadas, psicólogos, juiz corregedor e agente prisional. Para elaborar seu trabalho, a aluna estabeleceu algumas parcerias. Um estudante do curso de Sistemas para Internet programou o site e outro colega de Jornalismo cedeu algumas fotos, já que Catherine não obteve autorização para entrar no presídio com câmera. “Fui só com meu bloquinho e lapiseira”, explica.
As professoras Maria Elisa Máximo e Marília Crispi de Moraes avaliaram o trabalho. Catherine ouviu elogios de ambas e também algumas sugestões de melhorias que ainda serão acrescentadas à versão atual. A professora Kérley Winques orientou o projeto. “Fazer esta reportagem me deu a certeza de quero fazer muitas outras”, disse a estudante emocionada.
Naquele dia, como qualquer outro, Luísa trabalhou. No fim do expediente, antes de sair, pegou duas facas e colocou na bolsa. Foi ao encontro do namorado. Quando deu a primeira facada, sentiu que arrancava um pedaço de si mesma. Na segunda facada, apagou. Não tem memória do que aconteceu até a polícia chegar e gritar para que ela saísse de cima dele.
Os policiais a derrubaram no chão para pôr as algemas. Quando a colocaram de pé de novo, Luísa chutou a cabeça do agressor para se certificar de que estava morto. (Trecho da Reportagem Encarceradas)