Aula aberta discute racismo e questão decolonial
Por Juliana Mews
“Branquitude, Negritude e Questão Decolonial” foi o assunto da aula aberta proferida pelos professores Sandro Galarça e Leandro Hofstätter na segunda noite da SIC – Semana Integrada de Comunicação. O encontro dos dois doutores agitou as redes sociais da Faculdade Ielusc durante todo o dia e até foi apelidado de “Grenal de Ideias”, já que Galarça não esconde sua paixão pelo Internacional e Leandro é torcedor do Grêmio. Brincadeiras à parte, os dois professores deram ao tema a seriedade que merece e destacaram a importância de uma sociedade unida contra o racismo.
A aula contou com a participação de 125 pessoas, entre professores, acadêmicos, egressos e estudantes e outros interessados. Galarça ilustrou sua fala com diversos exemplos concretos de que o racismo ainda é muito praticado no Brasil. O professor explicou que quando pessoas negras aceitam sua história, dão um passo contra o racismo, porém. “Quando eu entendo que é um problema social, mesmo que a causa não me atinja diretamente, eu também estou lutando contra”, enfatizou. Ele ressaltou a necessidade de valorizar a memória dos antepassados, negros e indígenas, em vez de tentar apagá-la, como ocorre no país.
Leandro destacou o quanto o colonialismo está impregnado no imaginário da sociedade brasileira. Explicou que colonialismo é uma forma de impor a cultura de um povo sobre o outro, exatamente o que aconteceu no Brasil após a chegada dos imigrantes europeus. Desde então, a cultura de quem já vivia no Brasil e de quem foi trazido como escravo foi condenada e parcialmente excluída.
O professor de Filosofia lembrou o caso da menina de dez anos que foi brutalmente estuprada pelo tio e destacou que casos assim acontecem desde o século XV, quando meninas indígenas sofriam abuso e exploração desde muito pequenas. A discussão contra o colonialismo já existe há 20 anos, e somente agora tem ganhado mais espaço para debates, mas, conforme Leandro, só ensinar na escola não é suficiente. “Precisamos de políticas públicas, pois como uma criança sem condições básicas para estudar e que não é aceita pela sociedade pode acreditar em um futuro melhor, livre do preconceito e do racismo? Já roubaram o seu futuro”.
A conversa prolongou-se além do programado e durou cerca de 2h30. Professores e alunos participaram com perguntas, relatos e comentários. A doutora Maria Elisa Máximo, mediadora do encontro, comentou a urgência de incluir bibliografias de pensadores negros nas leituras indicadas aos acadêmicos e de trazer negros e indígenas para os debates. Os estudantes também solicitaram novas discussões sobre questões étnico-raciais e, no chat, várias obras escritas por negros ou que tratam de decolonialismo foram compartilhadas.