Programação do Sesc traz debates sobre as consequências da ditadura
Para despertar reflexões sobre a instauração do Ato Institucional nº 5 (AI-5), decreto assinado em 13 de dezembro de 1968, pelo general-ditador Costa e Silva, e que marcou o início do período mais duro do regime militar, o Sesc realiza, a partir de hoje, o evento “1968 – 50 anos depois”. Nesta noite, a partir das 19 horas, haverá participação dos historiadores Zaia Freire e Maikon Jean Duarte, do jornalista Sílvio Melatti e da advogada Ana Catarina de Alencar. Eles vão abordar o tema de acordo com suas respectivas áreas.
O jornalista Felipe Silveira, um dos organizadores do evento, acredita que a proximidade das eleições torna o evento ainda mais importante. “Vemos no dia a dia a negação das atrocidades da ditadura”, diz Felipe. “É preciso provocar uma reflexão sobre o período para que possamos evitar repetir os erros do passado”.
Sílvio Mellati também ressalta a importância de falar sobre este assunto no atual momento. “A questão é que, por coincidência, estamos vivendo um período similar ao da época”, afirma. “A ideia é falar do passado, para quem não viveu a ditadura, mas também refletir sobre o presente”.
Segundo o historiador Maikon Jean Duarte, é importante entender o que foi o Ato Institucional Nº 5, dentro de qualquer contexto. “Ainda há um número alarmante de brasileiros que nunca ouviu falar do assunto”, afirma. Ele também destaca que, mesmo após o fim da ditadura, muitas medidas, que haviam sido transformadas em leis, ainda vigoram na sociedade, especialmente nos aparelhos do estado, quando há prática da violação dos direitos humanos.
A programação continua durante a terça-feira (25), com o CineSesc exibindo o filme “Tatuagem”, um drama de Hilton Lacerda que se passa no final da ditadura militar. Na quarta-feira (26), às 19h, tem Diálogos Urgentes do Cinema 2018, com o filme “Verdade 12.528”, um documentário brasileiro de Paula Scchetta e Peu Robles, que traz depoimentos dos parentes de mortos e desaparecidos políticos da ditadura. Na quinta-feira (27), a mesa de encerramento vai debater as consequências e resistências da arte ao AI-5, com a participação da escritora Melanie Peter, do ator e diretor teatral Cristóvão Petry, além da musicista Semitha Cevallos e do ator e diretor Robson Benta. Toda programação ocorre no Sesc e tem entrada franca.