Coletivo de lideranças cria Frente Joinville pela Democracia
O movimento Frente Joinville pela Democracia reuniu, na tarde de hoje, representantes da sociedade civil em uma coletiva de imprensa realizada no Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz. Entre os líderes estavam educadores, estudantes, ativistas, escritores, jornalistas, advogados e pesquisadores que apoiam o movimento. O objetivo é aliar pessoas, movimentos sociais e partidos políticos comprometidos com a manutenção de um conjunto de direitos e de políticas públicas implementadas nos últimos nos últimos anos.
A Frente apresentou o manifesto do coletivo que se define como “suprapartidário, constituído por homens e mulheres, diversos e plurais, que decidiram se unir para defender a democracia no país”. As lideranças também falaram sobre as razões que levaram à criação do movimento, sobretudo a preocupação com a intolerância, a violência e a ascensão de valores fascistas.
O encontro reuniu educadores, estudantes, ativistas, escritores, jornalistas, advogados e pesquisadores. Foto: Jéssica Ramiro Pereira.
Pessoas de diferentes religiões integram o coletivo. O jornalista e pregador Guilherme Kuhnen representou a fé evangélica. “Como pode um evangélico apoiar um candidato a favor da tortura, sendo que Jesus Cristo foi torturado e morto?”, questionou. Já a militante dos Direitos Humanos e cristã ecumênica, Lizandra Carpes, falou sobre o direito de expressão que não existe em uma sociedade antidemocrática. “É nossa democracia que está em jogo”, disse. O professor Leandro Hofstätter manifestou sua preocupação como educador, como luterano e como advogado: “Quero ensinar as pessoas a pensarem e não a repetirem palavras de ordem. Quero que tenhamos liberdade de expressão e possamos tomar nossas próprias decisões”, afirmou.
Maisa Regina Bilenk, ativista da causa LGBTQ, falou sobre a importância da ampliação dos direitos. “Não podemos permitir que esse ódio seja institucionalizado e que o preconceito seja tomado como discurso oficial”, ressaltou. O direito dos negros também foi colocado em pauta pela advogada Ana Paula Nunes Chaves. “A ameaça aos nossos direitos é iminente. A igualdade de direitos que ainda não conquistamos está prestes a enfrentar um retrocesso”, disse. Rodolfo de Ramos, líder sindical, ressaltou a importância da manutenção dos direitos trabalhistas.
Representantes da classe artística também se manifestaram. O produtor e ator Cristóvão Petry lembrou a vez em que uma peça de teatro foi censurada em Joinville, em 1968, no período da Ditadura Militar. “Nunca pensei que precisaria falar uma coisa tão óbvia novamente, mas não podemos aceitar a censura”, salientou. O escritor Jura Arruda representou a Confraria dos Escritores de Joinville e relembrou a essência democrática da instituição. “Não queremos aceitar que somos um país que não pensa a diversidade, que não pensa o futuro”, disse.
A jornalista e ativista das políticas de inclusão de PCDs (pessoas com deficiência), Iraci Seefeldt, ressaltou que um sistema antidemocrático pode ser um retrocesso para a inclusão social. “A voz garantiu espaço a essas pessoas da mesma forma que garante nosso espaço nesse movimento”. Já o militante do movimento estudantil Guilherme Luiz relembrou o protagonismo de estudantes em momentos históricos. “Houve muito sangue de estudante na Ditadura Militar. Um candidato não pode rumar ao poder pelo ódio às minorias”, argumentou.
A Frente Joinville Pela Democracia volta a se reunir amanhã para o lançamento oficial do coletivo e segue uma agenda de atos ao longo da semana. Todas as informações estão na página do movimento no Facebook.