Cicloativismo defende mundo com menos automóveis
Por Taynara Reinert
O coletivo Pedala Joinville foi fundado em 2007, no Dia Mundial Sem Carro, por amigos apaixonados por bicicleta que resolveram se unir para constituir um movimento a favor da inserção da bicicleta na vida das pessoas e no contexto urbano da Cidade, além de representar os ciclistas joinvilenses diante do poder público.
A diretoria é composta pelos membros fundadores e conselheiros, por mais seis pessoas e outros quatro integrantes que compõem o Conselho Fiscal. As principais atividades do grupo englobam projetos sociais, como o Roda Guia e Giro do Bem, palestras de Educação no Trânsito para Ciclistas em empresas e escolas e Pedal de Natal. Sua participação também é ativa no Conselho de Trânsito (Contran), no Conselho da Cidade e na Escola Pública de Trânsito (Eptran). “Participem dos movimentos sociais, se organizem, se unam por uma causa, participem ativamente na sua cidade, reivindiquem seus direitos e seus espaços”, é a mensagem deixada pelo grupo.
Por tomar consciência da importância do uso dos espaços urbanos, o jornalista Altamir Andrade, 59 anos, tornou-se cicloativista. No ano de 1976, em Balneário Camboriú, ele foi dono de uma oficina de bicicletas e, desde 2007, decidiu mudar sua vida. “Quando tomei a decisão de não ter mais veículos motorizados, é lógico que a mudança não foi imediata. Fui vendendo aos poucos os meus veículos e adaptando toda a minha vida para viver sem eles. Isso levou uns poucos anos”, conta. Altamir percebeu que deveria reavaliar sua relação com a mobilidade para colocar em prática aquilo que achava correto. “Sou um ambientalista e, como tal, decidi portar-me da melhor forma possível para que meus discursos pudessem ser confirmados com minhas práticas.”
Apesar de ter levado anos para concluir a adaptação, Altamir não se arrepende e diz que foi uma das coisas mais libertadoras da sua vida. “Parece antagônico, já que toda a mídia publicitária liga carros à liberdade”, completa. Durante trinta e três anos Altamir teve veículos automotores e viveu “preso à indústria automobilística”, como ele próprio afirma. Precisava trabalhar muito para sustentar os veículos e as despesas mensais diretas e indiretas ligadas à manutenção. Desde que deixou de usar carro, sua qualidade de vida deu um salto, o que resultou no cancelamento do seu “Plano de Doença”, como ele costuma se referir ao Plano de Saúde. “Eu estava me tornando um homem gordo, barrigudo. Hoje sou um homem saudável. Pedalo facilmente 100 km num dia. Tenho um corpo de jovem maduro e uma saúde que poucos amigos motorizados têm.”
A economia gerada com a adoção do novo estilo de vida fez com que Altamir pudesse relaxar mais e trabalhar menos, o que permite a ele viver mais livremente. O ápice da decisão de se tornar um cicloativista, foi sua presença como palestrante no Segundo Fórum Mundial de Bicicleta em Porto Alegre, onde se envolveu na organização da Primeira Pedalada da Bicicleta de POA.
Documentário
Produzido com apoio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, o documentário A Cidade e as Bicicletas (2016), narra a relação histórica de Joinville com o veículo de duas rodas e também retrata as dificuldades de quem utiliza esse meio de transporte. O roteiro, direção, produção e edição é de Fellipe Giesel.
Leia também a primeira parte da série de reportagens Por uma cidade e suas bicicletas.