Acadêmica defende prática de leitura crítica de mídia nas escolas
A acadêmica de Jornalismo Ana Carolina João realizou uma experiência de leitura crítica de mídia com estudantes de ensino médio de uma escola pública, a fim de estudar como a leitura de mundo dos adolescentes orienta seus argumentos e interpretações sobre informações jornalísticas, além de observar a capacidade de análise crítica dos alunos. Em seu trabalho de conclusão de curso, ela aplicou a técnica do grupo focal, ou seja, reuniu os participantes e deixou que eles conversassem e analisassem textos jornalísticos, debatendo e expondo suas opiniões.
Apaixonada por educomunicação – definida, segundo Ismar Soares, como um “conjunto de ações destinadas a integrar às práticas educativas o estudo sistemático dos sistemas de comunicação” e o uso desses recursos na aprendizagem – Ana João demonstrou que a prática da leitura crítica de mídia nas escolas pode contribuir não só para ampliar o conhecimento dos estudantes, mas também para permitir ao professor que conheça melhor a realidade dos seus alunos, suas formas de pensar e o que motiva suas opiniões. “Minha intenção inicial era apenas verificar resultados de uma experiência de leitura crítica de mídia com esses jovens, mas, durante a pesquisa, percebi o quanto essa prática pode ser importante ao professor também, afinal, como ensina Paulo Freire, devemos sempre partir da realidade do aluno”, comentou.
Em seu projeto experimental, Ana já havia abordado a educomunicação por meio da criação de um site voltado aos professores. Na opinião da professora Maria Elisa Máximo, uma das avaliadoras, a estudante seguiu com o mesmo tema, mas com uma abordagem completamente nova no TCC, o que é louvável. “É um trabalho muito importante para os dias atuais em que se vive crise na mídia e sérios debates no campo educacional”, disse a docente. Maria Elisa também destacou o cuidado da acadêmica ao descrever o percurso metodológico, bem como a precisão da análise, mas apontou algumas falhas em relação às normas da ABNT. “Seu trabalho é a prova de que não há qualquer fundamento para as alegações de doutrinação ideológica do Programa Escola Sem Partido, pois esses jovens demonstram ser plenamente capazes de pensar por si mesmos e a escola precisa incentivar as pessoas a pensarem”, destacou.
Para a professora Lívia Vieira, que também integrou a banca, o TCC leva a refletir que, durante muitos anos, o jornalismo tratou os leitores como uma massa homogênea, sem conseguir se relacionar com seu público. “Hoje, por conta da crise, o jornalismo está sendo obrigado a olhar para o leitor, e o jovem é um público de ouro. Seu trabalho mostra que se trata de um público extremamente crítico e preocupado com a realidade, exatamente o que o bom jornalismo gostaria de ter”, comentou. Lívia recomendou que a acadêmica dê mais destaque -transformando em subcapítulos – às considerações sobre fake news e discussões sobre Escola sem Partido, a fim de que tais assuntos constem no sumário para facilitar o acesso a outros pesquisadores que se interessam pelo tema.
Ana destacou que seu primeiro contato com educomunicação ocorreu nas aulas de Jornalismo Comunitário, com a professora Marília Crispi de Moraes, que a orientou no projeto experimental e na monografia. Ela pretende apresentar os resultados da pesquisa para os professores e alunos que participaram da experiência. A acadêmica foi aprovada com nota 9.