Utilização de realidade virtual no jornalismo traz bons resultados
No semestre passado a acadêmica Maria Luiza Parisotto produziu um webdocumentário sobre a Vila Giorgia Paula, uma localidade no interior de Garuva. O webdocumentário traz uma experiência de imersão, pois foi produzido com câmeras que filmam em 360°. Ao utilizar um óculos de realidade virtual ou um Cardboard, o leitor tem a sensação de estar dentro da cena. Confira o webdocumentário Vila Giorgia Paula, ponte que conecta a cidade. Depois de ter seu projeto experimental aprovado com nota máxima, Maria Luiza utilizou o webdocumentário como objeto empírico de seu trabalho de conclusão de curso.
“Eu fiz essa escolha, justamente porque eu queria ver se tudo o que eu fiz durante o projeto experimental se concretizou quando o público consumiu o produto”, explica a acadêmica. O interesse pelo assunto iniciou na sexta fase do curso de Jornalismo, quando a acadêmica passou a ter contato com produções em 360° nacionais e internacionais. Assim iniciou algumas pesquisas sobre o tema e encontrou estudos sobre projeções de crescimento de 800% dos produtos ligados à realidade virtual até o ano de 2021.
O objetivo principal da pesquisa foi compreender de que forma os moradores da cidade de Garuva experienciaram o webdocumentário a partir de 3 pontos: refletir sobre o processo de virtualização e globalização para entender de que forma isso afeta as relações humanas e no jornalismo, entender se as novas ferramentas tecnológicas colaboram com a produção de um jornalismo mais imersivo e perceber como as pessoas vivenciam essa imersão e se isso auxilia no consumo de produtos humanizados em relação a comunidades marginalizadas.
A partir desses pontos, Maria Luiza estruturou sua pesquisa “Realidade Virtual e Jornalismo imersivo: a experiência dos moradores de Garuva/SC sobre o webdocumentário Vila Giorgia Paula, ponte que conecta a cidade” em 4 capítulos, abordando assuntos como o fenômeno da globalização e sua influência na mudança da relação entre o espaço e o tempo entre as pessoas.
Outro assunto abordado foi a diferença entre o jornalismo de inovação e inovação de jornalismo. “Para essa pesquisa adotamos o conceito de jornalismo de inovação, porque inovação no jornalismo pode ser alterar o sinal analógico para o digital, mas jornalismo de inovação é mais do que isso, é mudar todo o processo de produção e consumo, e a realidade virtual propõe justamente isso”, comentou Maria Luiza.
Durante a apresentação Maria Luiza traz uma definição de realidade virtual que a descreve como “uma nova geração de interface na medida em que, usando representações tridimensionais mais próximas da realidade do usuário, permite romper a barreira da tela além de possibilitar interações mais naturais”. Segundo ela, é exatamente por romper a barreira com a tela que a imersão ocorre.
A pesquisa adotou a metodologia de grupos focais, pois possibilita ouvir as pessoas para entender a percepção dos usuários e perceber os erros e melhorias do produto. Depois da formação do grupo, foram aplicados questionários individuais após o consumo de cada capítulo do webdocumentário. Um dos resultados da pesquisa foi que entre o primeiro e o segundo capítulos, os usuários ficavam estáticos, movimentando apenas a cabeça. Entre o segundo e o terceiro, passaram a explorar ângulos maiores e, entre o terceiro e o quarto capítulos, eles completaram um giro de 360° com o corpo. Além disso os participantes sentiram empatia com os personagens.
A banca contou com duas avaliadoras, uma externa, a professora Raquel Ritter Longhi, da UFSC, Coordenadora do Nephi-Jor – Núcleo de Estudos e Produção em Hipermídia aplicados ao Jornalismo, e a avaliadora interna foi a Professora Maria Elisa Máximo. Kérley Winques orientou o trabalho. Maria Luiza obteve nota dez na monografia.