Monografia propõe valorização da diversidade nas empresas jornalísticas
O tema diversidade tem sido abordado com frequência pela imprensa, entretanto, no meio jornalístico, a prática está longe da ideal. Essa foi uma das constatações da pesquisa do acadêmico Lucas Cordeiro de Carvalho, orientada pela professora Lívia Vieira.
Lucas citou vários estudos que demonstram o predomínio de homens brancos nas redações do Brasil. Uma das pesquisas, realizadas pelo Coletivo Vaidapé, verificou 204 programas de sete emissoras de televisão, veiculados entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro de 2017. De 272 apresentadores , apenas 10 são negros. “É como se, numa programação de 24 horas, os negros ocupassem apenas seis minutos”, comparou.
O estudante também abordou diversidade de gênero, orientação sexual, geracional e inclusão de pessoas com deficiência. Destacou a política de incentivo à diversidade da BBC como um bom exemplo a ser seguido e criticou a prática do chamado pinkwashing, ou seja, utilizar a bandeira da inclusão de modo oportunista. “Algumas marcas podem tentar viver de aparência, tentando mostrar um posicionamento gay-friendly, mas se for algo inconsistente e oportunista, o público vai perceber”, comentou.
A intenção inicial da pesquisa era entrevistar e observar as redações da BBC Brasil e do Nexo, mas as duas empresas recusaram atendimento neste semestre. A solução encontrada foi visitar outros locais, não necessariamente relacionados ao jornalismo. Nessa nova busca, Lucas optou pela Énois Inteligência Jovem, uma escola e laboratório aberto de jornalismo, e pela Thought Works, desenvolvedora de softwares, ambas em São Paulo. As duas empresas mantém programas contínuos de valorização da diversidade. Recentemente a Thought Works foi destaque na mídia nacional por contratar uma mulher grávida de nove meses.
Em São Paulo, Lucas entrevistou representantes das duas empresas e, a partir das respostas, elaborou um modelo de fluxograma da diversidade a ser aplicado também nas empresas jornalísticas. A professora Danielle Antunes, do curso de Publicidade e Propaganda, que atuou durante anos em uma empresa com foco na promoção da diversidade, integrou a banca avaliadora. Ela parabenizou Lucas pela iniciativa e destacou a necessidade de se discutir o tema. Também apontou vários complementos de bibliografia e avaliou o modelo sugerido como muito conservador. “Creio que você poderia ter suprimido o fluxograma, a fim de pensar melhor nos elementos que sua pesquisa fornece”, afirmou.
A professora Marília recomendou mais cuidado com a utilização de conceitos sem a devida explicação e reflexão, como no caso da palavra multiculturalismo, por exemplo. Também apontou problemas textuais e fez alguns questionamentos. Ao final, Lucas foi aprovado com nota 9.