Estudante produz documentário sobre cenário imigratório
Por Roger Caetano
Alemães, suíços e noruegueses estão entre os imigrantes incumbidos de colonizar Joinville na época de sua fundação. Embora o hino local evoque o trabalho realizado por esses imigrantes, atualmente a conotação da palavra mudou. A série documental “O Não Lugar”, projeto experimental da acadêmica Viktória de Matos Rodrigues, é um relato daqueles que vivem na pele o que é ser imigrante em território brasileiro.
Orientada pela professora Beatriz Cavenaghi, a acadêmica defendeu, na quinta-feira (4), às 17h, a proposta de seu projeto. Em três episódios, a série traz relatos da venezuelana Maria Ysabel Rios, do haitiano David Lover e do angolano Alberto Melquizedek são a base do documentário. Viktória sentiu a necessidade de falar sobre imigrantes devido a uma paixão pessoal pelo tema. “Adoro tudo que se relaciona com culturas diferentes, não faz sentido criarmos fronteiras porque nós aprendemos e crescemos com pessoas que vêm de fora”, ressalta.
Segundo ela, a mídia tem culpa e contribui para uma perspectiva negativa acerca dos imigrantes, principalmente com narrativas tristes e estereotipadas já estabelecidas no meio midiático. “Por que não desmistificar o imigrante e trazer isso para o jornalismo?”, questiona.
A escolha pelo formato se deu a partir da necessidade da acadêmica de potencializar a importância do tema e transmitir a realidade dos personagens ao telespectador. “Se as pessoas fossem ler uma notícia sobre os imigrantes no Brasil, ou sobre o terremoto no Haiti, ou até mesmo sobre a guerra na Angola, acho que não teria o mesmo impacto do que ver esses imigrantes e poder sentir pelo menos um pouco do que eles sentiram”, defende.
O coordenador do curso de Jornalismo da instituição, Sílvio Melatti, elogiou a qualidade do produto final e a desenvoltura da acadêmica. “Nós vemos poesia naquelas falas e ali, além da qualidade dos entrevistados, percebemos que isso não ocorre por acaso também. Por melhor que seja a fonte, se o repórter não tiver uma boa postura para deixar a fonte confortável, não funciona”, apontou.
A antropóloga e professora do curso, Maria Elisa Máximo, também integrante da banca avaliadora, parabenizou o produto e ressaltou a escolha da acadêmica em respeitar a língua nativa dos personagens, a ancestralidade de cada um deles e a minúcia na escolha das fontes. “Dar voz não é só deixar falar, não é só conceder espaço de fala e você entendeu isso”, avaliou.
No relatório escrito, a banca apontou a necessidade de contextualização histórica mais abrangente sobre o assunto e mais referências bibliográficas sobre características do jornalismo literário, gênero adotado pela estudante ao traçar o perfil dos personagens. A acadêmica foi aprovada com nota 10.
Confira os episódios no link abaixo:
http://revidigital.com.br/estudante-produz-documentario-sobre-cenario-imigratorio/