Coordenador do Coletivo Intervozes participa de aula na Faculdade Ielusc
O jornalista e advogado Marcos Urupá, coordenador do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, participou da aula de Cenas Midiáticas, do curso de Publicidade e Propaganda. O encontro on-line com estudantes e professores da Faculdade Ielusc, ocorreu na noite de segunda-feira a convite do professor Maurício Melim.
O Intervozes é uma organização que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação no Brasil. O coletivo é formado por ativistas e profissionais com formação e atuação nas áreas de comunicação social, direito, arquitetura, artes e outras, distribuídos em 15 estados brasileiros e no Distrito Federal. Entre as bandeiras defendidas pelo grupo estão a liberdade de expressão, mídia democrática e Internet livre e plural, “para que todas as pessoas, sotaques, raças, religiões e ideias possam ser ouvidas e respeitadas”, resume o enunciado do seu site.
Urupá falou de sua experiência nos movimentos estudantis e como isso o levou ao Intervozes. Ele destacou que, embora as mídias digitais tenham crescido muito, o rádio e da televisão no Brasil continuam relevantes e, em muitos casos, são a única forma de acessar informação. “No Brasil profundo, nos rincões, não há internet”, observou.
Em seguida, Urupá falou sobre a Lei Geral de Proteção de Dados e de como a legislação acabou “fatiada”, pois está em vigência, mas as punições aos infratores só passam a vigorar em agosto de 2021. Conforme Urupá, muitas empresas já começam a contratar Gerentes de Proteção de Dados, para, entre outras coisas, assegurar que não haja descumprimento à legislação. “Os princípios do consentimento e da finalidade são os dois pilares principais da LGPD“, afirmou.
O PL das Fake News também foi tema de Urupá. “É um debate complexo e muito necessário, sobretudo no momento em que o país vive um processo desinformativo no qual opiniões se impõem como verdades”, destacou. O PL, entretanto, segundo o jornalista, apresenta problemas, pois não consegue definir o que são Fake News e pode dar margem ao cerceamento da livre expressão. “O Intervozes defende a formação de um conselho multissetorial vinculado ao Congresso Nacional que crie normas de boas práticas de uso das plataformas”, informou.
Na opinião de Urupá, ações da sociedade civil, como o movimento Sleeping Giants ajudam a coibir a monetização dos produtores e distribuidores de Fake News.
O Sleeping Giants nasceu nos Estados Unidos e se define como um grupo de luta coletiva contra o financiamento do discurso de ódio e das Fake News. No Brasil, o movimento ganhou força em maio deste ano. Sua forma de ativismo é simples: em posts nas redes sociais, marcam as empresas que patrocinam sites propagadores de notícias falsas ou de discursos de ódio.
Muitas empresas investem em mídia programática, uma estratégia automatizada de publicidade on-line. O cliente define o público-alvo que deseja atingir, mas nem sempre tem controle sobre onde seu anúncio vai aparecer. “O movimento Sleeping Giants, ao expor as marcas que se vinculam a notícias falsas, causa um constrangimento e essas empresas pedem o boqueio de seus anúncios nesses sites. É uma boa estratégia”, avalia Urupá. Para conhecer melhor o trabalho do Intervozes, clique aqui.