Resenha: Round 6
Por Henrique Duarte
Batatinha frita 1, 2, 3. As brincadeiras de infância, em Round 6 (2021), custam o preço da ganância. Centenas de pessoas totalmente endividadas aceitam o convite para participar de um jogo em que um prêmio milionário as aguarda. Porém, os participantes não imaginam que se trata de um jogo mortal. A produção da Netflix, realizada por sul-coreanos, traz para as telas drama, terror e suspense ao longo de nove episódios.
Antes de focar totalmente nos jogos, a série apresenta Seong Gi-hun, interpretado pelo ator Lee Jung-jae. Endividado e ameaçado de morte por agiotas, Gi-hun é abordado por um homem de terno no metrô que o convida para jogar um jogo. A cada vez que ele ganha, recebe uma quantia em dinheiro, caso perca, leva um tapa na cara. Este é só o início de uma série que mostra como o ser humano é capaz de submeter a própria vida como moeda de troca.
Round 6 assemelha-se a produções conhecidas, como: Jogos Mortais (2004), Escape Room (2019), Jogos Vorazes (2012) e até mesmo a série japonesa Alice In Borderland (2020). Em todas as produções, os participantes são colocados em jogos de vida ou morte. Porém, o que torna a série única e autêntica é a forma como as personagens são apresentadas. O jogo começa com 456 pessoas. Aos poucos, algumas delas ganham destaque, seja por carisma, bondade ou até mesmo pela forma que lidam com as surpresas do jogo.
A trama é rica em plot twists. A cada novo episódio, um elemento eletrizante é colocado na série e um novo mistério é criado. Round 6 aborda explicitamente a ganância pelo dinheiro, e até que ponto o ser humano pode aceitar participar de um jogo onde pessoas morrem para ganhar uma quantia de 45 bilhões de wons sul-coreanos. Talvez o pior de tudo é que a série faz com que o espectador torça, vibre e se emocione com os acontecimentos ocorridos nos jogos. Seja na ficção ou até mesmo dentro da série, a trama entrega um ótimo entretenimento.
A fotografia fria e azulada em alguns momentos, pode expressar o desgaste dos personagens nos momentos mais emocionantes da série. Referências como os céus representados nas obras do artista surrealista René Magritte, o ‘’Campo de Trigo com Corvos’’ de Van Gogh (1890), parecem inspirar o primeiro cenário do jogo. Pablo Picasso com o cubismo é representado na Máscara e escritório do Front-Man, o grande líder do jogo. ‘’Relativity’’ de M.C. Escher (1953) inspiram as escadarias que aparecem durante alguns episódios.
Sem economizar nos efeitos especiais e nas estruturas dos cenários dos jogos, Round 6 mostrou ser uma produção fantástica. Não é à toa que a série oriental se tornou a mais assistida da Netflix. Após o sucesso de Parasita, que emplacou vários Oscar em 2020, Round 6 mostra mais uma vez a excelência oriental nas produções audiovisuais, principalmente na Coreia do Sul.