Se essa praça falasse: Praça da Bandeira
O espaço tem como símbolos o Monumento aos Imigrantes e o mastro com a bandeira do Brasil.
Andar pela praça da Bandeira, no Centro de Joinville, é contemplar o cotidiano dos joinvilenses, que vão e vêm pelo terminal central. Ainda é possível, encontrar pessoas que aproveitam a passagem pelo espaço para descansar nos bancos. Além disso, o local é sempre usado para concentrações de manifestantes em protestos.
Como o próprio nome já diz, a praça da Bandeira tem uma grande bandeira do Brasil que pode ser vista de vários pontos da cidade tremulando. Além do símbolo nacional, o espaço também é conhecido por abrigar o Monumento aos Imigrantes de Joinville.
A homenagem aos primeiros moradores de Joinville, é de autoria do artista alemão, radicado no Brasil, Fritz Alt (1902-1968) — tendo passado grande parte da sua vida na cidade. A obra de arte foi encomendada ao artista em alusão ao centenário do município em 1951, inaugurado em 9 de março do mesmo ano, no dia do aniversário de Joinville.
O ginásio Abel Schulz, símbolo do esporte amador da cidade. Foi construído no final da década de 40, faz parte do cenário das praças da Bandeira e Dario Sales. Em anos anteriores, o prédio recebeu grandes eventos esportivos. Porém, em 2008, quando a Associação de Amigos de Joinville devolveu a gestão do espaço à prefeitura, passou um por um tempo de abandono, sendo revitalizado e novamente recebendo público em 2015. Atualmente o ginásio é administrado pela Felej (Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville).
Além do ginásio, outro prédio que faz parte da história dos joinvilenses e da praça, é o antigo Cine Palácio. Construído em 1916, o prédio foi o primeiro cinema da cidade. Por muitos anos foi o principal ponto da população que consumia a sétima arte por aqui. Nos anos 70, com a chegada da TV a cores, foi o início da crise que iria colapsar a atração no local, tendo um fim com a iminência da chegada dos shoppings e as salas de cinemas mais modernas e atrativas. O Cine Palácio fechou as portas pela falta de público na década de 90, porém deixou bastante saudades, como conta a joinvilense, Rosineides da Silva. “Eu e minha irmã ficamos animadas para ir ao Centro quando criança para ir ao cinema. Até começar o filme ficávamos brincando e conversando com a nossa mãe na praça da Bandeira”, relembra.
Até a década de 80 a praça era arborizada, tinha mais diversidade de plantas e maior quantidade de bancos para sentar. “Quando cheguei na cidade, há quase 40 anos atrás, a praça era tão linda, com bastante árvores, flores e gramado. Era bem aconchegante”, conta a joinvilense Maria de Fátima, do bairro Espinheiros.
A historiadora Valdete Daufemback conta que o episódios do corte das árvores da praça ocorreu de forma ilegal, fato cohecido também como “A fúria das derrubadas das árvores”. “Foi durante a madrugada que elas foram cortadas, pois por lei, era proibido, mas de forma sorrateira foram retiradas. Muita gente que estava indo para o trabalho viu aquilo às 4 horas da manhã”, conta.
“As árvores que restam, atualmente, foram salvas graças a algumas pessoas que denunciaram e pararam de cortar na mesma madrugada”,finaliza a historiadora. Quem passa pelo Centro no verão sente que, pela falta da vegetação, as temperaturas são muito elevadas, numa cidade onde a temperatura atinge a casa dos 35°C, com frequência.
Além disso, a cidade de Joinville passou por mudanças significativas na década de 80. “O município queria uma limpeza na área central, pois não era bem visto ver gente, como usuários de drogas e “desocupados” embaixo das árvores sentados no bancos”, finaliza a historiadora.
Nos últimos anos, o espaço tem sido palco de manifestações de vários movimentos sociais e políticos. Por ser um ponto na área central da cidade, a Praça da Bandeira se torna um núcleo de atividades. “A praça é utilizada por ser um ponto na área central e por estar ao lado do terminal de ônibus, é melhor para concentração de pessoas que vêm de outras partes da cidade”, avalia o estudante de jornalismo Kevin Eduardo que acompanha alguns destes movimentos.
Do abandono a revitalização
Mesmo sendo uma praça popular, era notável o abandono por parte do poder público nas últimas décadas, como a falta de poda das árvores. O calçamento de quase toda a praça tinha desnivelamento e mato entre as juntas. Além do mais, o principal monumento aos imigrantes foi depredado há quase três anos. Uma das estátuas está sem um dos braços e a espingarda de uns dos colonos está faltando um pedaço, além da iluminação cênica que estava obstruída por folhagem.
Porém, nos últimos meses, segundo a Secretaria responsável, a praça foi revitalizada pelo Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) de Joinville. O local recebeu lavação, ajardinamento e pintura. As áreas do Monumento ao Imigrante e a da bandeira receberam nova iluminação. Além disso, a praça da Bandeira foi adotada pela Veja Construções que fica responsável pela manutenção do local. A escultura do artista plástico Fritz Alt está em processo de recuperação e é acompanhada pela Secretaria de Cultura e Turismo de Joinville (SECULT).