Perry Mason e a busca por redenção
Por Eduardo Gums
Se há um tema que paira sobre Perry Mason é a busca por redenção. Ao longo da primeira temporada da série exibida pela HBO em 2020 e produzida por Robert Downey Jr (o ator de Tony Stark no Universo Marvel), o protagonista do título luta para encontrar um sentido na vida. Isso enquanto tenta resolver um caso de assassinato brutal. A série é ambientada na Los Angeles dos anos 1930.
A busca por redenção não é um dos únicos temas que o público poderá encontrar ao assistir os oito episódios de uma hora cada. Os telespectadores encontrarão uma discussão sobre a cobertura da mídia em casos de assassinato, sobre machismo, racismo e religião. Sempre através dos olhos do personagem interpretado por Matthew Rhys e de seus associados que numa busca por justiça enfrentaram inimigos poderosos.
Perry Mason é baseada no personagem criado por Erle Stanley Gardner nos anos 1930 e que antes deste novo trabalho da HBO já havia servido de base para uma adaptação da rede CBS exibida entre 1957 e 1966. O novo show serve como um reboot atualizado e também como uma história de origem para o personagem que é muito popular em seu país de origem.
Na série, como já foi dito, Perry investiga um caso de assassinato enquanto que lida com as coisas que viu e fez nas trincheiras da primeira guerra. No novo seriado, ele é retratado como um detetive particular e está longe de ser o advogado que era estrelado por Raymond Burr no fim da década de 1950.
Os três personagens clássicos dos livros de Stanley Gardner estão na nova atração. Mas em versões atualizadas e repaginadas para o público do século 21. Seja a secretária Della Street (interpretada por uma compassiva Juliet Rylance) ou por Paul Drake (o ator Chris Chalk que traz uma versão afro-americana do personagem), todos os atores estão bem.
O elenco selecionado traz atores conhecidos de outras produções da HBO e de outros canais como Netflix. Estão presentes em papéis de destaque os atores Shea Whigham (de Boardwalk Empire, HBO), John Lithgow (de The Crown, Netflix) e Tatiana Maslany (Orphan Black, Space).
A reconstituição de época é excelente. Ela complementa a ambientação da adaptação levada para televisão por Ron Fitzgerald e Rolin Jones.
O roteiro da dupla de roteiristas carrega um ritmo mais lento, eles acabam levando tempo para construir a trama e os personagens. Os temas sobre os quais se propõem a falar estão espalhados na série. Apesar de que alguns deles poderiam ser mais explorados.
No fim, a primeira temporada de Perry Mason é uma excelente história de origem para o personagem que em 2022 completará noventa anos. Com personagens cativantes, uma forte crítica social e atores de primeira, a trama se consolida como uma das melhores produções da HBO.