Jornalismo, tradição e aventura
Joinville tem uma relação histórica com a prática jornalística. Em 1852, um ano após a chegada da primeira leva de imigrantes que fundaram a Colônia Dona Francisca, já circulava o jornal manuscrito Der Beobachter am Mathiasstrom (O Observador às margens do Rio Mathias). Seu sucessor apareceu em 1863, o Kolonie Zeitung (Jornal da Colônia), fundado por Ottokar Doerffel, editado em alemão e que circulou até 1942. Houve uma sucessão de outros periódicos com vida curta após o Kolonie, com propósitos ora conservadores, ora progressistas, como a abolicionista Folha Livre. Mas foi somente em 1998, há 24 anos, que a cidade ganhou um curso superior de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Nascia um divisor de águas no cenário jornalístico joinvilense. Desde então, a Faculdade Ielusc já formou, aproximadamente, 500 jornalistas.
Ao longo das últimas duas décadas, o mundo da comunicação passou por muitas transformações motivadas, principalmente, pela ampliação do acesso à internet. Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 90% dos lares brasileiros têm acesso à rede mundial de computadores. Por um lado, o avanço tecnológico ampliou o acesso das pessoas à informação e levou o jornalismo a ocupar novos espaços nos sites, podcasts, blogs, redes sociais e tudo mais que o universo digital permite. De outra parte, a mesma tecnologia acabou por provocar uma avalanche de conteúdo pouco ou nada confiável que diariamente inunda o cotidiano de pessoas nem sempre preparadas para avaliar se tais mensagens merecem crédito ou não.
Diante dessa realidade, o jornalismo precisa estar em constante atualização e a Faculdade Ielusc, ao longo desses 24 anos do curso, tem investido em um Plano Pedagógico que se estabelece sobre dois grandes pilares: a tradição e a aventura. Ao mesmo tempo em que reconhece o valor da tradição, do saber acumulado, sistematizado, acredita também no limite de tal abordagem, o que exige a aventura e a ousadia de criar outras categorias, produzir por vezes a contraordem, o exercício do pensamento sem pré-condição, preconizado por Derrida. Esse equilíbrio, entre tradição e aventura, sustenta-se por meio da formação ética e da defesa dos direitos humanos.
Hoje os veículos de comunicação de Joinville e região que se propõem a desenvolver um trabalho de qualidade possuem em seus quadros vários jornalistas formados pela Faculdade Ielusc. Para além dos meios tradicionais, como rádio, TV, jornais, portais de notícias, esses profissionais também atuam dentro de empresas, órgãos públicos, equipes esportivas, eventos culturais e como empreendedores no ramo da comunicação.
O mundo se transforma e o jornalismo também, mas a essência de bem informar precisa ser preservada porque é fundamental a uma sociedade democrática. Em momentos obtusos, quando a ignorância e o ódio parecem mais fortes que a razão, em que os interesses de poucos se sobrepõem sobre o bem-estar de muitos, em que crenças são usadas como pretexto para discriminar, em que a credibilidade de instituições parece desmoronar, em que pessoas preferem acreditar apenas no que lhes convém, bem, são nesses momentos que o jornalismo de qualidade se faz ainda mais necessário.