Slam: a voz das ruas
O Slam é um movimento de poesia que nasceu nas ruas de Chicago, nos Estados Unidos, na década de 80. Marc Smith, poeta e fundador do movimento, é um dos grandes incentivadores do início do Slam nos EUA. Em 2008, o Slam chega às terras brasileiras pela poeta Roberta Estrela D’ Alva, principal precursora e fundadora da ZAP! Slam, a primeira batalha de poesia de São Paulo.
O movimento tem sua origem nas periferias e se transformou em um incentivo à escrita nas comunidades, tornando-se uma ferramenta de resistência para grupos marginalizados pela sociedade. Os principais poetas são mulheres e homens pretos de diversas idades. Eles trazem para a roda temas sociais, como racismo, homofobia, misoginia, capitalismo e outros desafios da opressão sofrida no cotidiano.
No Brasil, estima-se que existam mais de 200 grupos de Slam; São Paulo concentra mais de 50. Os campeonatos de Slam possuem algumas regras de participação. Em geral, cada poeta apresenta três poesias com o tempo de 3 minutos cada. Não são permitidos adereços que já não componham a identidade original dos poetas. A competição nacional é composta de vários circuitos, com fases municipais e estaduais. Quem chega à etapa nacional tem chance de ir para o México, com tudo pago, competir na Copa Slam Mundial, fundada há mais de 30 anos e que acontece sempre em junho.
Slam Guará: poesia nas ruas de Joinville
Em Joinville, a prática da poesia de rua chegou em 2019 com o Slam Joinville. Mas, em decorrência da pandemia do Covid-19, a equipe original acabou se desestruturando. Em 2022, o movimento ressurge e se reconstrói com uma nova identidade, o Slam Guará. O movimento vem desenvolvendo vários projetos de oficinas de fanzine em escolas públicas e universidades, motivando os alunos a desenvolverem temas sociais nas pequenas revistas feitas a mão. Palestras sobre racismo, misoginia, entre outros temas sociais, também integram as ações.
As competições de poesia acontecem tanto em espaços públicos quanto privados. No Palco Aberto Slam, vários artistas podem apresentar músicas, poesias, danças ou qualquer manifestação cultural.
Evellyn Silva, de 18 anos, integrante da equipe Slam Guará, é responsável por reservar os locais onde se realizam as competições. “O Slam, em Joinville, ainda sofre com a marginalidade imposta pela cultura conservadora da cidade”, afirma Evellyn. Ela conta que ainda há muita repressão, inclusive da polícia, ao movimento. “É muito difícil a gente conseguir autorização da prefeitura, mas tem alguns locais que dão espaço para a gente, como o Festival de Dança e o Encontro das Ruas”, comentou.
O Slam também esteve presente na Feira do Livro, no dia 3 de junho, fazendo a abertura da palestra “Que noções dominam as minhas narrativas para crianças e adolescentes”, com os autores Lázaro Ramos e a portuguesa Maria Inês Almeida.
O Slam Guará abriu vagas para novos integrantes. As informações estão na rede social do Slam Guará. A próxima apresentação ocorre no dia 18 de junho, às 16h, no SOMA.