A rotina alimentar de estudantes universitários: pesquisa aponta que um terço está com níveis de sobrepeso ou obesidade
Estar em um curso superior pode exigir muito dos jovens. Frequentar as aulas, acompanhar todos os conteúdos e, por muitas vezes, gerenciar tudo isso com uma jornada de trabalho diária. Essa é a realidade da maioria dos universitários: fazer malabares com o tempo é quase uma parte essencial no processo de graduação. Porém, será que entre todas as tarefas, o ato mais simples de se alimentar, está na lista de prioridades dos jovens?
Certamente, comer faz parte da rotina dos jovens, mas será que a pressa do dia a dia vem afetando a qualidade das refeições? Um estudo feito em uma faculdade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, em 2020, aponta que a maioria dos estudantes evitam o consumo de alimentos ultraprocessados e raramente acabam substituindo refeições, por lanches rápidos. E mesmo que 94% dos entrevistados estivessem em boa situação nutricional, cerca de um terço dos entrevistados apresentavam em seu número de IMC (Índice de Massa Corporal), algum grau de sobrepeso ou obesidade.
A coordenadora do curso de nutrição da Faculdade IELUSC, professora doutora Marilyn Gonçalves, diz que em um quadro geral, a maioria da população apresenta certo grau de sobrepeso. Porém “a falta de tempo do estudante, prejudica e muito sua alimentação”. Marilyn ainda diz que os ditos “grupos de risco” como os estudantes, apresentam maiores números de incidências.
Em outro estudo, feito pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, de Portugal, os números são similares aos do estudo feito no Brasil. Os números mostram que as universitárias do sexo feminino tem maior incidência dos casos de sobrepeso ou obesidado, tendo 51% de incidência. “As mulheres têm menos tempo para cuidar da alimentação. Elas, muitas vezes têm mais responsabilidades além das aulas. Algumas trabalham e têm filhos para cuidar. Só isso as deixam mais expostas,” observa a professora Marilyn.
Ao ser questionada sobre a possibilidade de haver algo a se fazer para contornar a situação alimentar dos estudantes, a professora diz que uma estratégia multidisciplinar deve ser traçada. Segundo ela, juntando os conhecimentos de outros cursos para que a cantina da faculdade possa começar a servir comunidades de melhor qualidade por um preço acessível, pode ser um grande passo para uma melhor alimentação.
Em um questionário feito por alunos do curso de jornalismo da Faculdade Ielusc, 27,9% dos acadêmicos questionados não possuem hábitos de alimentação saudável. Na instituição, 47,5% dos acadêmicos costumam levar um lanche. Destes, 23% costumam levar chocolates, pães, bolachas recheadas, salgadinhos e refrigerantes, como comida.