Como as abelhas impactam a vida humana
Por: Larissa Hirt
No Brasil, 3 de outubro marca o Dia Nacional das Abelhas. A data é para conscientizar a importância delas no meio ambiente
As abelhas são os insetos responsáveis pela polinização de várias espécies, além de serem ativas na manutenção da biodiversidade e essenciais para a produção de alimento. Elas são responsáveis pela polinização de 30% das espécies de biomas como a Caatinga e Pantanal e até 90% das espécies da Mata Atlântica, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e fundamentais para a produção dos nossos alimentos.
Desde 2016, o apicultor Paulo Lampert, 55, desenvolve o trabalho no sítio, em Campo Alegre, e comenta que a preservação do solo, da natureza e das matas é um fator importante para a qualidade de vida das abelhas. “O que importa é a preservação, para que sempre tenham abelhas. Sem as abelhas, nós não temos nada.” Mais do que a produção de mel, as abelhas são responsáveis por um terço dos alimentos do mundo, através da polinização.
Além de auxiliarem na alimentação, também são importantes para a economia. A apicultura gera produtos como o mel, pólen, própolis, geleia e cera. O engenheiro agrônomo, Rogerio Pietrzack, 42, ressalta os subprodutos. “Os produtos que as abelhas produzem são usados tanto na alimentação humana como por uma série de cosméticos, fármacos, existe uma infinidade de utilizações. Elas têm essa questão ambiental e também um aspecto econômico muito relevante”, comenta.
As abelhas atuam diretamente e indiretamente na economia no país, seja pela produção de mel e cera, ou através da polinização . Um relatório produzido pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP), mostra que sem animais polinizadores como as abelhas o valor investido para a produção de alimentos pela agricultura no Brasil seria de R$ 43 bilhões.
A mesma agricultura que é beneficiada pelas abelhas, pode ser um fator prejudicial para elas. Segundo os dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina tem o maior percentual de propriedades rurais que utilizam agrotóxicos, 70,7% no total. “As abelhas se intoxicam e acabam morrendo antes de voltar para a colmeia, ou até mesmo intoxicando a colmeia quando voltam”, explica Rogerio.
Outro fator é o desmatamento. “Se você tem uma mata com erva-mate, vai ter um monte de florada para a abelha, e muitos transformam isso em roça. E ainda pode ter veneno na florada da plantação”, fala Paulo, “é a ambição. Tem tantas maneiras de viver, mas a pessoa quer derrubar o mato, quer fazer mais roças, sendo que de repente já tem o suficiente.”
Como proteger as abelhas
“Para proteger precisamos conhecer. Diminuir o uso de agrotóxicos seria um caminho, a população em geral, quando ingere alimentos orgânicos, incentiva esta diminuição”, disse o engenheiro agrônomo Rogerio. Plantar árvores, pastos verdes de floração e outros leguminosos, podem ajudar no adubo da terra, mas ajuda na florada de inverno também.
Lampert explica os cuidados com a fumaça. As abelhas, quando sentem a fumaça, entendem que estão queimando a natureza, a sua casa. “Então elas vão atacar o mel, porque elas sabem que tem que se abastecer de mel e ir embora, arrumar outra casa”, diz, “ é prejuízo. Além de queimar algo que não era necessário, ainda tem esse problema, elas vão comer o mel.”
Cuidar das abelhas é cuidar do planeta, já que os insetos são fundamentais para manter o equilíbrio ecológico. Apicultores e meliponicultores também podem ser aliados na preservação da espécie.
BOX: Apicultura x meliponicultura
Meliponicultura é a criação racional de abelhas sem ferrão, geralmente feita em meliponários. Já a apicultura se trata na criação de abelhas com ferrão, que pode ser feita com apiários fixos e também com a apicultura migratória.