O ponto de vista de quem passou pelo câncer de mama
Por: Larissa Hirt
“Conquistas após o câncer de mama: Uma perspectiva inspiradora de uma sobrevivente.”
Em 2022, Sandra França da Silva, 40, teve uma guinada na sua vida ao ser diagnosticada com câncer de mama. A doença é a primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil. E outubro é o mês de conscientização e prevenção do câncer de mama.
Os sintomas começaram em janeiro do ano passado. “Senti uma dor na parte debaixo do seio perto da costela e debaixo da axila, mas não dei muita atenção, após uma semana passou a dor, depois surgiu um nódulo na parte superior do seio”, comenta Sandra, “e fui só em maio no posto de saúde, e peguei o encaminhamento para fazer uma ultrassom, e no laudo deu classificação BI-RADS 4”. relata Sandra
O cirurgião oncológico do Hospital e Maternidade Sagrada Família, Helio Carneiro, 40, explica que o Breast Imaging-Reporting and Data System (BI-RADS), é um sistema de classificação. “É amplamente utilizado em radiologia mamária para padronizar a avaliação e a comunicação de achados em exames de mama, como mamografias, ultrassonografias e ressonâncias magnéticas. Ele foi desenvolvido pelo Colégio Americano de Radiologia e é uma ferramenta essencial para ajudar a categorizar as lesões de mama e orientar os médicos na tomada de decisões clínicas”, explica.
O modelo vai da categoria zero a seis. O BI-RADS quatro, como o caso de Sandra, significa que há alterações na mamografia onde o risco varia entre 2% a 95% da lesão se tornar cancerígena. Nesse caso, as pacientes devem ser submetidas a realização da biópsia da lesão, para que assim o diagnóstico correto seja atribuído.
Sandra desabafa sobre o início do tratamento: “Em agosto fiz a biópsia de agulhamento. No dia 14 de novembro de 2022 fiz a cirurgia de retirada dos nódulos e confirmou que era câncer, então a médica disse que teria que retirar toda a mama e os linfonodos que ficam na axila. Fiz outra cirurgia no dia dez de fevereiro de 2023, tirei toda a mama e já foi colocado a prótese.”
A mamografia é uma ferramenta importante para descobrir o câncer de mama. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2021, foram realizadas 3.497.439 mamografias em mulheres no SUS, sendo 3.145.930 mamografias de rastreamento. E o Instituto também orienta que mulheres entre 50 a 69 anos façam o exame a cada dois anos. Mas só os exames não são o suficiente para o tratamento. Sandra também passou por sessões de quimioterapia.
Foram seis meses de tratamento, ao todo, oito quimioterapias. E a sensação da última sessão, foi motivo de alegria. “Antes não entendia porque tanta comemoração quando acabam as quimioterapias. Agora entendo a luta que é, e a importância de enfrentar de cabeça erguida”. Sandra ainda completa: “Foi uma emoção muito grande, sempre quando ia fazer a quimioterapia, ia feliz, sabia que ali estava a minha cura. E a última foi uma sensação de dever cumprido, que mais uma etapa foi vencida, a etapa mais difícil”.
Mas junto com a felicidade e sensação de cura, vinham também os efeitos colaterais e a baixa autoestima. Sandra comenta que depois das quimios sofreu com enjoo, tontura, fraqueza, dores nas articulações e formigamento nas pontas dos dedos. Sandra como se sentiu com os efeitos colaterais: “E sou um pouco vaidosa. Quando tive que cortar os cabelos foi bem difícil chorei muito, me olhava no espelho e não me reconhecia, fiquei uma semana assim.”
Os medicamentos de quimioterapia atacam as células cancerígenas mas também afetam outras células saudáveis, como as que produzem cabelo. “Felizmente, na maioria das vezes, a perda de cabelo causada pela quimioterapia é temporária. Geralmente as pacientes esperam que seu cabelo volte a crescer três a seis meses após o término do tratamento, embora temporariamente ele possa ter uma cor ou textura diferente”, completa Helio.
Hoje em dia as campanhas do Outubro Rosa tem outro significado para Sandra. “Quanto mais informação melhor, menos medo também. As meninas da Rede Feminina fazem um trabalho espetacular, não só nessa época, mas o ano inteiro, elas sempre vão no hospital levar suco ou água de côco, torradinha ou bolinho para os pacientes e acompanhantes no setor oncológico”, ressalta.
Sei que não terminei o tratamento e que para dizer que estou curada só daqui dez anos. Mas me sinto curada. Tenho que fazer ainda as radioterapias, fazer a cirurgia para retirar os ovários pois meu câncer é hormonal. Mas sigo em frente.” Sandra faz parte do grupo de mulheres que luta diariamente contra o câncer no Brasil.