Cidade da dança, das flores e da cerveja!
Por Suyane Urbainski
Joinville que já sediou uma das maiores cervejarias brasileiras da década de 50 lança um produto feito com 100% de lúpulo local
A apreciação da cerveja ao redor do mundo não é algo novo. Especialmente em outubro, ela é indispensável durante festividades como a Oktoberfest e a Stammtisch.
A Opa Bier, renomada cervejaria do município, inovou na produção das cervejas, priorizando o solo nacional, criou fazendas sustentáveis que trabalham com a economia circular. Os subprodutos como o bagaço do malte, são reaproveitados na ração do rebanho existente na fazenda Opa, a matéria orgânica do gado servirá de adubo para o cultivo do lúpulo, que é colhido e transportado até a fábrica.
Durante o processo de produção, o lúpulo é adicionado quando se inicia a fervura, no calor do cozimento, a planta libera suas resinas de sabor amargo, dando o sabor característico da cerveja.
“Conseguimos desenvolver uma cultura que praticamente não existia no Brasil. Através de ciência, botânica e melhoramento genético, conseguimos adaptar o lúpulo ao clima tropical. Aqui em Joinville, fizemos a experiência na fazenda com resultado positivo e lançaremos a primeira cerveja feita com lúpulo 100% joinvilense. Teremos três colheitas em um ano, o que nos diferencia de outros países que têm apenas uma colheita durante o ano. É algo que ficará para as próximas gerações, pois atualmente o Brasil é totalmente dependente do lúpulo importado”, explica o gerente de marketing, Eduardo Mira.
Ele disse que a Opa atualizou as preferências para a nova geração, com bebidas enlatadas e coquetéis prontos.“Uma indústria de bebidas precisa estar sintonizada com o público consumidor. Hoje eles buscam por refrigerantes menos danosos à saúde, com menos adições de açúcares, além de coquetéis compostos como o que inclui a cerveja pilsen com vinho.”
Mesmo acompanhando o mercado atual, a tradição de produzir itens com qualidade se mantém. No mês de agosto, a Opa Bier foi premiada pela Brasil Beer Cup 2023 como a cervejaria do ano por especialistas de 16 países. Além de outras premiações, a medalha de melhor cerveja da competição The Best Of Show, ficou com a cerveja Kristall Weizen, que se destacou entre mais de 2 mil rótulos.
Essa iniciativa é uma maneira de relembrar uma tradição que foi tão especial aos joinvilenses e que está presente nos eventos familiares e festas típicas da região. Joinville oferece uma rica cultura cervejeira, para ser explorada pelos que a apreciam.
Trajetória da cerveja em Joinville
Na sua vinda ao Brasil com os imigrantes em 1852, o suiço Albrecht Schmalz trouxe equipamentos para produção de cerveja e montou a cervejaria Schmalz em sua própria casa, localizada na rua hoje conhecida como Visconde de Taunay.
A partir disso, a produção apenas aumentou, ampliando as cervejarias no município, como a Cervejaria Tiede, que mais tarde tornou-se Cervejaria Catharinense, a maior de Santa Catarina. Em 1948 ela foi comprada pela Antarctica e deixou de ser artesanal. Na década de 70, a empresa transformou-se em Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, com sede em Joinville e teve sua produção intensa até 1998, quando integrou-se à Ambev. Joinville, que era uma referência na produção da bebida, ficou sete anos sem desenvolvimento na área.
Com o intuito de resgatar a história e tradição de uma das primeiras cervejarias do Brasil, foi que em 2006 dois primos, Luiz Alexandre e Werner fundaram a Opa Bier, que significa avô em alemão, e também uma forma de cumprimento em Joinville. Com uma fábrica no distrito de Pirabeiraba e cinco bares distribuídos na região, a Opa possui mais de 10 rótulos de cerveja, além de energéticos, refrigerantes, entre outras bebidas destiladas. Também teve participações em festivais como Fenachopp, Stammtisch e foi um dos patrocinadores do evento do Natal Luz de Joinville em 2022.