Dia nacional do Radialista traz reflexão sobre a popularização do Rádio
Por Cauê Claro
Com mais de dois séculos de história, o radialismo joinvilense faz parte do cotidiano da população e conta com grandes personagens
No dia 7 de novembro é comemorado em território nacional o dia do Radialista, profissão que perpetua desde o final do século XIX, com a criação do primeiro sistema prático de Telegrafia Sem Fios (TSF) realizada pelo italiano Guglielmo Marconi. Já no Brasil, a tecnologia do rádio chegou em 1923 com a transmissão da Exposição do Centenário da Independência. Durante o evento, os ouvintes acompanharam a ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes. E mais especificamente, em Joinville, a primeira transmissão radiofônica ocorreu no dia 7 de setembro de 1938, com a transmissão do discurso do presidente Getúlio Vargas. A estrutura da transmissão foi montada no porão de uma casa por Wolfgang Brosig, que três anos depois criou a Rádio Difusora de Joinville, a primeira na cidade e a segunda no Estado de Santa Catarina. A Rádio idealizada por Brosig se manteve como a única na cidade por 17 anos, até maio de 1958 com a criação da Rádio Colon AM, fundada pelo ex-deputado estadual Pedro Colin, filho do ex-prefeito de Joinville João Colin.
Partindo para a atualidade, o radialismo em Joinville e no Brasil, de forma geral, se mantém vivo com a atuação de diferentes difusoras, tanto particulares como comunitárias. Mesmo com a popularização das plataformas de Streaming como Spotify e YouTube, o público consumidor de rádio se mantém fiel ao meio de transmissão clássico. Matheus Simões Mello, 32, doutor em Jornalismo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, explica que o rádio se mantém vivo graças a sua mobilidade de acesso.
“Antigamente o rádio era um aparelho fixo, não se podia andar com ele enquanto o ouvia, porém, com a criação de uma tecnologia chamada Transistor, tornou-se possível escutar o rádio enquanto caminhava, nos carros e outras atividades cotidianas”.
Além disso, Matheus também diz que o grande diferencial do Rádio para outros meios de comunicação, é a facilidade de interação: “É muito mais fácil de se aprender a interagir com áudio do que outros meios. Até mesmo as tecnologias atuais como a Alexa e a Siri usam a interação por áudio por ser a maneira mais simples de aprender a interagir.”
“Não há dúvidas”
Um dos principais nomes citados ao se estudar o radialismo joinvilense em um contexto cotidiano é o de José Antônio de Mira, 74, conhecido como Mira, e também pelo seu bordão “não há dúvidas”. Foi pioneiro na cobertura esportiva da cidade, com mais de 50 anos atuando na profissão, atualmente é comentarista na Rádio 89 FM.
Nascido em Joinville em uma família humilde, Mira iniciou sua vida trabalhando como engraxate, anos depois se formou em Economia e trabalhou como contador. Porém, por meio de uma amizade com Ricardo Passos, diretor de esportes da Rádio Cultura, recebeu um convite para trabalhar na cobertura de jogos de futebol, com isso se iniciou a jornada de Mira no Radialismo. Com a criação do Joinville Esporte Clube, ele se tornou o primeiro setorista do clube. José conta que apesar de ter atuado em outras áreas, o radialismo se mantém como sua paixão. “Mesmo tendo atuado na TV e no jornal impresso, o Rádio é o grande amor da minha vida. Tive uma boa participação muito positiva em relação à classe radialista, fui presidente por muitos anos da Associação Joinvilense de Rádio, Imprensa e TV, fui fundador e sou vice-presidente do Sindicato dos radialistas do norte catarinense”.
O nome de Mira é parte fundamental no processo de consolidação da imprensa esportiva tanto em Joinville quanto em Santa Catarina.
Além de ter recebido diversos prêmios em âmbito nacional e estadual os troféus do Campeonato Catarinense Série B de 2003 e do Copão Kurt Meinert 2022 foram nomeados de José Mira em homenagem ao radialista.
Dentre os prêmios recebidos por José Mira estão:
- Troféu Bola de Ouro;
- Comentarista destaque SC (1998)
- Título de cidadão honorário de são Francisco do Sul
Além destes prêmios, os troféus do Campeonato Catarinense Série B de 2003 e do Copão Kurt Meinert 2022 foram nomeados de José Mira em homenagem ao radialista.