Diabete avança no Brasil devido a hábitos não saudáveis e sobrepeso
O dia 14 de novembro marca o dia mundial da luta contra a doença.
Por Larissa Hirt
Alimentação inadequada, falta de atividades físicas e sobrepeso são os principais fatores da diabetes, doença que acomete 13 milhões da população brasileira, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabete, com projeção para aumentar nos próximos anos.
É causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), aproximadamente 62 milhões de pessoas vivem com diabete nas Américas, um número que deve ser muito maior, já que cerca de 40% das pessoas não sabem que têm a doença.
Se as tendências atuais continuarem, o número de pessoas com diabetes nas Américas poderá chegar a 109 milhões até 2040. Já em Santa Catarina, entre 2017 e 2020, o diabete vitimou 7.803 pessoas, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
A enfermeira, mestre em saúde coletiva, Rosilei Weis, explica que os hábitos de vida não saudáveis são fatores para a ocorrência da diabete. “As pessoas estão mais sedentárias, comendo comidas ultra processadas, aumenta o ganho de peso, tudo que contribui para doença crônica. Diabete em específico, mas também hipertensão e antidepidemia. E a gente vive numa região que gosta muito de comer coisas calóricas, gosta de beber, isso também favorece o aumento das doenças crônicas”, comenta.
Uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2023, da Consumer Insights mostrou que o número de brasileiros que consumiram fast food passou de 9,9 milhões para 13,7 milhões, em comparação ao mesmo período do ano passado. E dois terços dos adultos nas Américas estão com sobrepeso ou obesos, e apenas 60% fazem exercícios suficientes. Mais de 30% são considerados obesos ou com sobrepeso – quase o dobro da média global.
A doença dividida em categorias
A diabete é dividida em Tipo 1 e Tipo 2, além de diabete gestacional e pré-diabete. De acordo com o Ministério da Saúde, o Tipo 1 concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil, e é aquele que o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo.
Já o Tipo 2, presente em 90% dos casos brasileiros, acontece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não produz suficiente para controlar a taxa de glicemia. “Quando não tem mais gordura, principalmente abdominal, ela dificulta o funcionamento do pâncreas e da insulina. O pâncreas até produz insulina, mas ela não consegue funcionar adequadamente. Isso que a gente chama de resistência à insulina”, explica Rosilei.
O diabete gestacional, por sua vez, é uma condição temporária que acontece durante a gravidez. No caso do pré-diabete, é quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de Diabete Tipo 2. “Muitos podem ser pré-diabéticos e não saber, pois o organismo vai se adaptando a essa glicemia um pouco mais alta. Nessa fase, normalmente você só descobrirá se você começar a fazer exames de rotina”, esclarece Weis.
Aristeu Kaszubowski, 70, faz parte dos 90% que desenvolveram o Tipo 2. Descobriu a doença quando estava com 47 anos, em consulta médica normal, por pedido de exames laboratoriais, e desde então toma os devidos cuidados. “Tenho cuidados na alimentação, evito doces, aplico insulina diariamente pela manhã, tomo outros medicamentos, e no restante a vida segue normal”, comenta.
“Tem algumas pessoas que, por exemplo, tinham bons hábitos de alimentação, faziam atividade física, só que pelo envelhecimento desenvolveram diabete. São casos e casos”, explica a enfermeira.