A ascensão meteórica do Joinville Vôlei
Em julho de 2022 era criado o Joinville Vôlei, equipe que três meses depois seria vice-campeã do campeonato catarinense. Após outro intervalo de três meses, o time se consagrava campeão da Seletiva Sul da Superliga C, que garantiu vaga à Superliga B, a qual também levantaria o troféu ao final da competição. A volta meteórica do esporte à Joinville movimentou a cidade catarinense nos últimos anos.
Em um período de 10 meses, o Joinville Vôlei conquistou dois títulos nacionais – um deles garantido o acesso da equipe à elite brasileira – e um vice-campeonato catarinense. Contando todas as competições, foram 21 jogos disputados, com um retrospecto de 18 vitórias e três derrotas, 66 sets vencidos e 26 perdidos. E recentemente, no dia 25 de outubro, a equipe conquistou o campeonato catarinense de 2023 de forma invicta, um título inédito em sua história.
O projeto foi idealizado pelo ex-atleta Giovane Gávio. Atual presidente da equipe, o bicampeão olímpico revela sua felicidade com a trajetória do time. “Fico muito contente de transformar uma apresentação de Power Point no que é hoje. O projeto Joinville Vôlei é uma realidade e as pessoas percebem e nos dão valor”, comenta.
O presidente destaca a importância da torcida. “Os amigos de Joinville estão constantemente prestigiando, torcendo e empurrando o time. Esse é o nosso objetivo. Não faz sentido ter um time se não tiver uma massa, um torcedor em volta para nos apoiar”, completa.
A surpreendente campanha da equipe causou entusiasmo entre os aficionados do voleibol e trouxe um público novo ao esporte na cidade. As partidas do Joinville Vôlei são disputadas no Centreventos Cau Hansen, no centro, e é comum ver as arquibancadas lotadas e vibrando quando o clube está em quadra.
Melina Rocha, 20, é joinvilense e apaixonada por vôlei desde pequena. Melina diz ter assistido praticamente todos os jogos da campanha do Joinville na Superliga B, e que pretende assistir todas as partidas que conseguir.
Ela compartilha do sentimento de diversos entusiastas pelo esporte: “Acho muito legal ter jogos de vôlei para assistir aqui na cidade. A sensação de estar na arquibancada torcendo e gritando pelo time é muito boa, principalmente quando estamos ganhando”, relata.
Da C à elite em 10 meses
O segundo campeonato a ser disputado na história do time joinvilense foi a seletiva da região Sul da Superliga C, na qual saíram vitoriosos em todos os confrontos, garantindo o título e a vaga na Superliga B. A segunda divisão, no entanto, seria um desafio muito maior a ser enfrentado.
Com dez equipes disputando a taça, o Joinville terminou a fase classificatória na primeira posição, garantindo a vantagem de decidir as séries em casa. Classificado para a semifinal, o primeiro confronto rumo à final da competição foi contra a Araucária (PR), onde venceu os dois jogos por 3 sets a 0. A vaga na final já havia garantido a classificação para a Superliga A, mas a grande meta era o título do torneio.
Uma semana depois, a tão sonhada coroação da campanha viria em casa, com o apoio de mais de três mil torcedores presentes no Centreventos Cau Hansen. Contra o Monte Carmelo (MG), em final disputada em jogo único, o Joinville venceu por 3 sets a 1 e terminou com o título da competição.
Crescimento do esporte no país
A grande temporada de estreia aproximou e reaproximou diversos fãs à modalidade na cidade. Melina Rocha, no entanto, acredita que falta valorização ao esporte. “Acho que mesmo com atletas muito bons o esporte não é tão valorizado quanto o futebol. Aqui em na cidade, acredito que o vôlei pode ser mais valorizado agora com a cidade tendo mais destaque na modalidade”, relata.
Segundo dados da onda mais recente do Sponsorlink, maior pesquisa especializada em esportes do mundo do IBOPE Repucom, 87% dos brasileiros conectados com 18 anos ou mais se declaram interessados (muito interessados, interessados ou pouco interessados) por vôlei, o que representa 96 milhões de indivíduos. Em 2013, quando iniciamos a pesquisa, o número de brasileiros conectados que se declaram fãs de vôlei era de 45 milhões, ou seja, o volume de internautas brasileiros interessados pelo esporte dobrou na última década, um crescimento de 113%.
Não é novidade sobre qual esporte é o mais popular no Brasil, e também não é à toa que é denominado o país do futebol. A monopolização da mídia acaba por fortalecer a monocultura esportiva, que por fim deixa de lado outras modalidades como o próprio voleibol.
A televisão tem impacto direto no orçamento dos esportes. Os direitos de transmissão superaram R$ 1,3 bilhão em 2015 para os 20 clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro. A CBF, com a Seleção Brasileira, faturou outros R$ 112,5 milhões.
Os valores das confederações olímpicas com TV são ínfimos na comparação com o futebol. A CBV (vôlei) recebeu R$ 6,7 milhões em 2015. A CBB (basquete), R$ 1,1 milhão. Dados como esses, fazem com que os sentimentos de Melina sejam comuns de serem encontrados em outros torcedores.
A joinvilense completa. “Espero que tenha uma melhor valorização, principalmente para atletas da Avojoi (Associação Vôlei Joinville), que sempre estão competindo pela cidade e sempre estão correndo atrás de patrocinadores”.
Dados de 2022, também do Ibope Repucom, registram uma melhora considerável nessa situação. O levantamento mostra que 96 milhões de brasileiros se declaram interessados pela modalidade, o que representa 87% dos brasileiros conectados com 18 anos ou mais. Em 2013, quando a pesquisa foi iniciada, o número de brasileiros conectados que se declaram fãs de vôlei era de 45 milhões, ou seja, o volume de internautas brasileiros interessados pelo esporte dobrou na última década, um crescimento de 113%.
A pesquisa revela que o vôlei é um dos esportes mais praticados do país, atingindo 19% dos internautas brasileiros. Este índice está muito próximo a Corrida de Rua (21%), Andar de Bicicleta (22%) e Jogar Futebol (22%), que lideram a lista das atividades esportivas mais praticadas.
Expectativas para a atual temporada
Recentemente, o Joinville Vôlei apresentou seu elenco completo para a disputa da temporada 2023/24, onde jogará a primeira divisão do voleibol brasileiro. A maior parte do elenco campeão da Superliga B foi mantido, e reforços de peso foram anunciados, como é o caso de Henrique Honorato, atleta que recentemente disputou jogos pela seleção brasileira pré-olímpica.
Outro novo jogador que fará parte do elenco é o líbero Tiago Brendle, de 37 anos. Já capitão da equipe, o atleta diz que o conjunto montado é o ideal para a disputa de uma competição. “Nós temos um elenco muito equilibrado, onde a grande maioria é remanescente da temporada anterior, e temos algumas contratações pontuais, como é o caso do Honorato. É um conjunto ideal para uma temporada”.
Tiago também comenta que o sucesso relâmpago da equipe traz boas expectativas para o futuro. “O projeto do Joinville Vôlei tem uma ascensão muito grande, foi um crescimento rápido e em pouco tempo. Isso, querendo ou não, revela um bom trabalho e que as coisas estão sendo bem feitas e isso nos dá segurança e ainda mais credibilidade para fazermos uma excelente Superliga A”, completa.
A equipe joinvilense vem de um título catarinense inédito e de uma boa preparação e retrospecto. Antes do início da temporada, além de vencer do Blumenau por 3 sets a 0 na grande final do estadual,também disputou três amistosos preparatórios e saiu vitorioso em todos. As três partidas foram disputadas contra a seleção colombiana. Os dois primeiros jogos ocorreram em São Bento do Sul, onde venceu por 3 sets a 0. Já o último confronto foi diante de sua torcida, onde, em um jogo mais equilibrado, venceu por 3 sets a 2.
A estreia do Joinville Vôlei na elite brasileira acontece no dia 10, contra o atual vice-campeão da Superliga, Itambé Minas, em Belo Horizonte. Já a estreia em casa ocorre contra o atual campeão Sada Cruzeiro, no dia 18. Henrique Honorato, novo ponteiro da equipe, fala sobre sua expectativa para a disputa do torneio nacional. “Essa Superliga está muito equilibrada, mas espero fazer bons jogos. Nós sabemos que será difícil, mas com foco nos processos, nosso time pode ir muito longe, basta acreditar”, relatou.
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Esse jornalista escreve muito bem!