Diversidade temática marca as duas primeiras noites de bancas de TCC
Por Diogo de Oliveira
A maratona de apresentações de monografias do curso de Jornalismo da Faculdade IELUSC iniciou na segunda-feira, 4, com as acadêmicas Luana Verçosa, Isabela Peixer e Maria Luiza Venturelli. Na terça-feira, 5, foi a vez da aluna Ana Claudia Dranka. Para esta etapa, que marca o fim da jornada acadêmica, as alunas apostaram em temáticas diversificadas. De astrologia à ética jornalística, passando por memória digital e violência política de gênero. Ao todo, serão 15 bancas de monografia e uma de projeto experimental que serão realizadas até sexta-feira, 8.
Com a monografia “O Furo Cosmo/lógico: estudo sobre a presença da astrologia no jornal”, a estudante Luana Verçosa conquistou a nota máxima. Ela analisou o contexto em que se estabelece a publicação e o consumo de horóscopos em meios jornalísticos. A pesquisa, que teve orientação da professora Marília Crispi de Moraes, investigou as motivações por trás dessa prática, tanto do ponto de vista dos responsáveis pela divulgação quanto daqueles que estudam e vivem da Astrologia. Para isso, Luana entrevistou astrólogos, jornalistas e editores.
“Percebi que, de ambos os lados, jornalistas e astrólogos seguem acreditando que – no fundo – as pessoas não levam o horóscopo tão a sério quanto se pode imaginar, mas os veículos jornalísticos também continuam não abrindo mão de publicar as previsões diárias ou semanais, sob o pretexto de atender a uma demanda desse mesmo público que supostamente consome o conteúdo por puro entretenimento”, explicou.
As professoras avaliadoras, Bárbara Elice de Jesus e Patrícia Villar, elogiaram a pesquisa de Luana por ser um tema pouco abordado e que leva a refletir sobre certas contradições do jornalismo. A mescla de autores trazidos pela estudante em sua pesquisa bibliográfica, indo de Theodor Ailton Krenak, também foi destaque na avaliação das mestras. Ambas indicaram que Luana publique o trabalho e dê continuidade aos seus estudos.
A acadêmica Maria Luiza Venturelli também foi aprovada com a nota máxima pela banca formada pelas professoras Valdete Daufemback e Marília Crispi de Moraes. A monografia intitulada “Violência Política de Gênero no G1 SC: uma análise do enquadramento jornalístico” seguiu a temática já abordada pela aluna no projeto experimental. A pesquisa utilizou a teoria do enquadramento como metodologia e analisou cinco reportagens que tratavam sobre a temática no G1 SC.
A monografia, orientada pela professora Maiara Maduro, apontou resultados como a utilização de um padrão de enquadramento que envolve a falta do nome da mulher no título da reportagem, o tratamento informal em relação às mulheres, o uso de termos como “suposto”, entrevistas diretas com fontes, incorporação de notas de redes sociais e autoria de mulheres nas reportagens.
O trabalho foi elogiado pela banca avaliadora. Valdete destacou a importância de abordar a violência política de gênero na academia. Já Marília, destacou a jornada e evolução da acadêmica. Nos agradecimentos, Malu também falou sobre sua caminhada de formação. “A frase ‘o jornalismo muda o mundo’, foi a primeira que ouvi quando entrei nos corredores da Faculdade Ielusc em 2020, e agora, quatro anos depois e prestes a me formar, ainda sou muito jovem para dizer se realmente o jornalismo muda o mundo, mas com certeza mudou a minha vida e a forma de enxergar tudo o que me rodeia.“
Ainda na segunda-feira, a acadêmica Isabela Peixer apresentou a monografia “Preservação da memória digital: arquivamento e acessibilidade dos materiais jornalísticos”. O trabalho, orientado pela professora Barbara Elice de Jesus, teve como objetivo analisar a preservação e a acessibilidade digital dos conteúdos produzidos pelas redações de jornal, enfatizando a relação das matérias jornalísticas com a memória coletiva. Na pesquisa, a acadêmica entrevistou representantes de duas das maiores empresas da área: O Estado de S. Paulo e A Folha de S. Paulo.
A banca avaliadora foi formada pelos professores Marina Andrade e Maurício Melim. Entre os principais apontamentos está a relevância da temática. Os avaliadores afirmaram que o trabalho cumpriu com o objetivo proposto e também sugeriram a inclusão das transcrições das entrevistas no trabalho. A monografia recebeu a nota 8,7.
Já na terça-feira, 5, apenas uma banca de jornalismo ocorreu. Com sala lotada, a acadêmica Ana Dranka defendeu seu TCC, com o título “Ética X Jornalismo de Celebridades: um estudo de caso sobre a exposição da atriz Klara Castanho”. O trabalho, orientado pela professora Maiara Maduro, teve como objetivo analisar a exposição e perseguição que a atriz Klara Castanho sofreu após engravidar, vítima de um estupro.
Após o nascimento do bebê, Klara realizou a entrega voluntária, procedimento legalizado quando a mãe decide entregar o filho para adoção. Ana Dranka analisou a cobertura midiática feita por Leo Dias e Matheus Baldi, para identificar se houve ética durante este processo, e gerar um debate, se isso é ou não jornalismo. Por meio de um estudo de caso, analisando códigos de ética e critérios de noticiabilidade, a acadêmica chegou à conclusão que a cobertura foi totalmente antiética, expondo sem motivos e prejudicando a vida da atriz.
“Por mais que a informação atenda a alguns critérios de noticiabilidade, a publicação desses fatos não possui relevância alguma para a sociedade, e só prejudica a vida de uma pessoa pública”, comentou Ana sobre os resultados de sua análise.
Ana Dranka também falou sobre o porquê é importante pesquisarmos sobre esses atos antiéticos. “Jornalistas têm o poder da informação na mão e são responsáveis por apurá-las. É importante pesquisar para entender que os profissionais no âmbito do jornalismo de celebridades podem expor pessoas usando do jornalismo para justificar interesse público”, explicou.
A banca avaliadora, composta pelas professoras Marília Crispi de Moraes, Marina Adriano de Andrade, além da orientadora Maiara Maduro, aprovou a acadêmica com a nota 9,5.