Economia Solidária retorna como alternativa justa e sustentável
Por Ana Júlia Dagnoni Zanotto
O governo federal retomou as atividades do Conselho Nacional de Economia Solidária após um período de cinco anos de inatividade.
A Economia Solidária envolve atividades econômicas organizadas de forma colaborativa, promovendo trabalho digno e inclusão social. Ela representa uma abordagem alternativa, focada na colaboração, sustentabilidade e valorização humana. Em contraste com o modelo tradicional, não há um chefe, mas sim grupos que buscam igualdade na distribuição de lucros. Este modelo também prioriza a preservação ambiental. Cooperativas de reciclagem, grupos de agricultura familiar, empresas cooperativas de crédito e produtores de alimentos orgânicos são exemplos de empreendimentos solidários. Essas iniciativas visam não apenas à geração de renda, mas também à promoção de relações éticas e sustentáveis.
A Economia Solidária ganhou impulso a partir de 2003, com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária. Movimentos como Fóruns Municipais e a União de Mulheres Produtoras da Economia Solidária destacam a importância desse modelo na promoção de justiça social e igualdade. Marcia Teresinha de Melo Souza, presidente do CEPESI (o Centro Público de Economia Solidária de Itajaí), destaca a relevância da Economia Solidária como alternativa ao capitalismo. “O CEPESI, que conta com mais de 60 membros, pratica a autogestão e oferece oportunidades para quem tem interesse em se sentir protagonista da própria história, e da própria vida”, destaca.
Este modelo econômico não apenas viabiliza produtos sustentáveis, mas também promove a emancipação financeira e intelectual. Essa abordagem colaborativa e solidária beneficia quem está fora do mercado de trabalho tradicional, proporcionando não apenas meios de subsistência, mas também crescimento social e bem-estar mútuo. O governo federal reinstalou em outubro deste ano o Conselho Nacional de Economia Solidária, após cinco anos de atividades paralisadas. Com isso, busca impulsionar essa forma de organização econômica, reconhecendo-a como uma resposta positiva às crises econômicas e sociais, além de uma alternativa sustentável para um futuro mais justo.
Importância da data
Dia 15 de dezembro é comemorado o Dia Nacional da Economia Solidária, por meio da Lei 13.928/19 sancionada em 2019. Essa data é importante, pois, há décadas, vários setores da sociedade alertam sobre a necessidade de rever as relações de produção, bem como de consumo e de organização do trabalho.
Em Joinville, o Sinpronorte, Sindicato dos Trabalhadores em Instituições de Ensino Particular e Fundações Educacionais do Norte do Estado de Santa Catarina, realiza desde outubro de 2022 a Feira de Economia Solidária. A ação, possibilita comerciantes de artesanato, alimentos orgânicos e outros produtos, a mostrarem seu trabalho à comunidade. A presidente do sindicato, Marta Regina Heinzelmann, comentou sobre a iniciativa. “Vivemos numa sociedade de economia capitalista, com produção industrial que utiliza cada vez mais a tecnologia, inclusive na substituição da mão de obra humana. Isso traz resultados para a qualidade de vida, a partir de contratos de trabalho frágeis e sem muitos direitos historicamente conquistados. A solidariedade anda na contramão do individualismo reinante nas sociedades atuais. Portanto, aprender a pensar e produzir solidariamente, significa andar na contramão da história.”
Otanir Matiola, um dos expositores destacados na Feira do Sinpronorte, traz consigo mais de uma década de experiência dedicada aos produtos orgânicos. Em meio a seu trabalho, ele compartilha a perspectiva desafiadora de conscientizar tanto produtores quanto consumidores sobre a importância desse nicho. Matiola ressalta que enfrenta obstáculos significativos nesse processo, principalmente devido ao domínio exercido por grandes corporações no mercado do agronegócio e da saúde.
O considerável poder econômico e capacidade persuasiva dessas empresas tornam a tarefa de promover práticas mais sustentáveis e saudáveis um verdadeiro desafio. Apesar disso, sua dedicação persistente na promoção de produtos orgânicos destaca a importância de se enfrentar esses desafios em prol de uma conscientização mais ampla sobre o impacto positivo da escolha por métodos de produção e consumo mais sustentáveis.