
Saúde da Mulher: um tema que vai além do Outubro Rosa
Por Stephanie Pierri Dumke
As mulheres são maioria na população brasileira, somam cerca de 51,7% do total. Mesmo assim, a preocupação com a saúde da mulher é recente. A criação de políticas e protocolos relacionados à saúde feminina tem pouco mais de três décadas.
A atenção ao tema só surgiu após a criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), criado em 1984 com a proposta de descentralização e regionalização de serviços, incluindo ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação de doenças que afetam exclusivamente mulheres.
Atualmente, a saúde feminina é tema de diversas campanhas durante o ano, como o Março Lilás e Amarelo e o Outubro Rosa. Nestes meses fica evidenciada a necessidade de prevenção de doenças, porém é importante darmos atenção a este tema durante todo o ano, já que essas doenças são causas de altos índices de mortalidade no país.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil, exceto na região Norte do país, onde o câncer do colo do útero ocupa o primeiro lugar. A taxa de mortalidade por câncer de mama em 2020 foi de 11,84 óbitos a cada 100.000 mulheres, com as maiores taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos a cada 100.000 mulheres, respectivamente.
Campanhas de conscientização
Em março ocorrem duas campanhas voltadas para a saúde feminina: Março Lilás, que trata da prevenção do câncer de colo do útero e o Março Amarelo, criado para conscientizar a população sobre a realização de exames que ajudem a identificar pacientes com endometriose.
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que afeta de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos de endometriose levam à infertilidade. Somente em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), e oito mil internações para tratamento da doença foram registradas na rede pública de saúde.
Mais divulgado e também conhecido pela população, o Outubro Rosa é uma campanha de conscientização para a prevenção do câncer de mama, doença que atinge cerca de 60 mil mulheres ao ano no Brasil, segundo o INCA.
O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 em todo o mundo. Para o Brasil, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama em 2021, com um risco de cerca de 61 casos a cada 100 mil mulheres. Para 2023, 17.010 casos novos são estimados.
É importante ressaltar que homens também desenvolvem câncer de mama, mas estima-se que a incidência nesse grupo representa apenas 1% de todos os casos da doença.
Para Marilda Maestri, enfermeira da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville, a melhor forma de prevenção é a realização do exame periodicamente. “Podemos detectar precocemente lesões e fazer o diagnóstico da doença antes mesmo dos sintomas aparecerem”, afirma ela.
Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville

Durante as campanhas de conscientização, as instituições de saúde pública e privada promovem ações para mobilizar a população sobre os riscos das doenças que acometem as mulheres, os sintomas e a melhor forma de se prevenir. As ações acontecem de formas distintas, mas todas possuem o mesmo objetivo: reduzir o número de mortes e promover a prevenção desde cedo.
Neste sentido, o trabalho desenvolvido na Rede Feminina de Combate ao Câncer tem um papel fundamental na prevenção das doenças e na conscientização das mulheres quanto aos cuidados com a saúde. Atualmente a Rede trabalha com ações de prevenção e de assistência e tratamento de doenças relacionadas unicamente às mulheres.
O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento eficaz do câncer de mama. Por isso, é importante que as mulheres realizem regularmente o autoexame das mamas e consultem um médico em caso de qualquer alteração.
Para Andréa Dumke, o autoexame foi essencial para o diagnóstico precoce do Câncer de Mama. Após identificar um nódulo, buscou um especialista e conseguiu identificar e tratar o câncer rapidamente. “Eu fui atendida rapidamente no SUS, realizei o tratamento com quimioterapia diretamente no Hospital São José de Joinville, e após sete sessões, consegui o agendamento da cirurgia”, conta ela. “Meu tratamento foi rápido, durou cerca de 4 meses.”
Além disso, a mamografia é uma ferramenta importante para a detecção precoce da doença e deve ser realizada regularmente conforme orientação médica.