
Curso de Jornalismo inicia semestre com debate sobre checagem e desinformação
Por Caroline de Apolinário e Camila Bosco
Na última quinta-feira, 13, a Faculdade Ielusc promoveu a aula inaugural do curso de Jornalismo no anfiteatro, com a convidada especial Luciana Corrêa, editora-chefe da agência de checagem de notícias Lupa.
Egressa do curso de Jornalismo, Luciana possui quase 20 anos de experiência em reportagem, produção e edição de conteúdos multimídia. Foi produtora, editora e editora-chefe na RBSTV e NSC TV. Além do compromisso com a comunicação, carrega como princípio fundamental em sua carreira o comprometimento com a verdade.
Através da conversa mediada pela professora e jornalista Geórgia Santos, Luciana compartilhou sua trajetória profissional e iniciou a roda de conversa explicando como a carreira jornalística precisou se adaptar conforme o avanço midiático e tecnológico. Hoje, a função do jornalista não envolve apenas o desafio de desmentir notícias e boatos existentes, mas também exige agilidade para combater notícias inventadas sem fundamentos, principalmente notícias que possuem um viés de interesse político. “A desinformação não é só um problema jornalístico, é um problema social”, relatou.

Alguns exemplos foram abordados pela editora-chefe durante o bate-papo para evidenciar o trabalho da Lupa. No último processo eleitoral em 2024, a equipe realizou 25 checagens de debates e sabatinas com candidatos a prefeitos de grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. O trabalho, realizado em três meses, foi intensivo, com checagens feitas ao vivo, exigindo rapidez para que a informação verificada chegasse tão rapidamente quanto a desinformação. “A mentira, muitas vezes, circula mais rápido do que o próprio jornalismo”, destacou.
Segundo a jornalista, através das redes sociais, a Lupa recebe, em média, 100 pedidos por parte do público para a verificação e checagem de conteúdos diversos. Os temas com maior análise são postagens relacionadas a golpes financeiros. Atualmente, a Lupa exibe a página ‘Será que é Golpe?’ dentro do próprio site, dedicada para esse tipo de checagem.
Quando emergências como as enchentes no Rio Grande do Sul acontecem, a demanda por checagem aumenta drasticamente. Durante mais de 40 dias, entre maio e julho, a Lupa verificou mais de 70 conteúdos relacionados às enchentes, lidando não só com a tragédia natural, mas também com a propagação de desinformações. “A tragédia da enchente e a desinformação que circulou sobre ela geraram enormes dificuldades no trabalho de checagem”, disse a jornalista sobre as consequências da onda de fake news.
Por meio de dicas e exemplos práticos, Luciana apresentou ao público um tópico com oito cuidados na hora de receber e repassar informações. Ela explicou que se tornou um desafio constante checar os conteúdos, considerando principalmente que a disseminação de conteúdos falsos pode prejudicar decisões importantes. Ainda destacou os impactos do alcance em massa de deep-fakes e outros aspectos do uso da inteligência artificial. Para ela, é importante que mesmo conteúdos que “parecem óbvios”, também precisam ser esclarecidos. “As pessoas querem pertencer a um grupo, querem validar suas crenças. Não é mais sobre o que é verdadeiro ou não, é algo complexo”, contou.

Conheça o trabalho da Agência Lupa
Fundada em 2015, a Lupa nasce como uma das pioneiras no mercado de agências especializadas na checagem de notícias no Brasil. A Lupa utiliza um método próprio de fact-checking como técnica de trabalho e analisa temas de interesse público que ganharam destaque nacionalmente, como política, educação, economia, saúde e relações internacionais. Além de verificar a veracidade das informações mediante um trabalho rigoroso e transparente, a agência trabalha com o combate à desinformação por meio da educação midiática ao público.
Outros trabalhos realizados incluem a produção de reportagens em diversos formatos sobre desinformação e discurso de ódio nas redes sociais, com foco na investigação de narrativas desinformativas, crimes no ambiente digital e matérias que promovem a transparência no jornalismo de dados.
A Lupa é membro da International Fact-checking Network (IFCN) pois atende aos cinco princípios éticos da rede de checadores, se manifesta também como uma das vertentes centrais no combate às informações falsas. Após a verificação dos fatos, a Lupa classifica as notícias como “verdadeiro”, “falso”, “falta contexto”, entre outros. A checagem pode ser consultada no site da agência na plataforma UOL ou nas redes sociais.