
Jurado Nº 2 – Cinema Jurídico em sua melhor forma!
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
A premissa segue um Pai de família, que serve como jurado em um importante julgamento de assassinato na Geórgia. Ele se depara com um dilema moral significativo que pode influenciar o veredito do júri, uma vez que tem informações que podem potencialmente condenar ou absolver o réu acusado de homicídio. Em um primeiro momento pode parecer básica até demais, mas garanto que este é um daqueles filmes que quanto menos se sabe, melhor a experiência. Instigando discussões e debates sobre o sistema e o conceito de justiça, moral e ética, o filme já está disponível na Max e é uma ótima sessão jurídica para 2025!
Gosto de brincar que “Juror #2” é a resposta de Clint para todos aqueles que reclamaram que o clássico absoluto “12 Homens e uma Sentença” (ou 12 angry men, no original) não tem representatividade o suficiente. O filme, dirigido pelo mestre de 94 anos Clint Eastwood, tem uma premissa absolutamente emocionante, com uma grande atuação de Nicholas Hoult, que está sempre presente, mas muitas vezes esquecido por muitos.
A grande estrela aqui é o dilema moral enfrentado pelo personagem principal. A forma como o filme aborda o sistema de justiça norte-americano não é difícil de entender, mas nunca parece uma simplificação extrema. Encontramos alguns clichês e estereótipos no roteiro: o jurado que só quer ir para casa, aquele que jura que nunca mudará de opinião e, claro, aquele que é bom demais para ser verdade. Dito isso, clichês nunca são um problema quando bem aplicados — e o filme sabe como usá-los e executá-los de maneiras interessantes.
Os visuais podem parecer um pouco crus, mas algumas transições e pistas visuais, juntamente com a cinematografia sólida, compensam isso. Embora o filme apresente suas cenas com uma paleta aparentemente básica, isso enfatiza a solidão e a beleza do roteiro.
Nicholas Hoult entrega uma performance atormentada. Suas emoções brutais e as muitas camadas por trás de seus olhos criam um denso e instigante estudo de personagem de um homem completamente destruído. Zoey Deutch é uma das minhas atrizes favoritas dos últimos anos, e estou tão feliz que ela teve espaço para mostrar sua versatilidade com uma personagem que inicialmente parecia tão simples.
Quanto aos aspectos que não me agradaram tanto, eu destacaria como o arco da investigação não se desenvolve tão bem quanto eu esperava. O final funcionou muito bem para mim, mas o desenvolvimento do mistério pareceu um pouco artificial. A primeira metade foi lenta demais, e a recompensa veio muito tarde — o que resultou em uma ótima subversão, mas, ao mesmo tempo, não ajudou no ritmo do filme. Ainda nas fragilidades do roteiro, existem sim alguns aspectos que podem desafiar a suspensão de descrença do espectador, como certas conveniências que fragilizam e podem até tirar o espectador do filme. O que, felizmente, não ocorreu no meu caso.
Posso concluir dizendo de forma segura que adorei o filme. Ele funciona muito bem como uma abordagem instigante sobre o sistema criminal americano, podendo se aplicar por princípio a realidade nacional, sendo incrivelmente envolvente. Clint prova que ainda tem uma sensibilidade artística inigualável, e juntamente com atores entregando o melhor de si, o resultado final é um filme fantástico!