
Revi visita o 62º Batalhão de Infantaria em ação do programa “Conheça seu Exército”
Durante a visita, estagiários do portal acompanharam atividades militares, conversaram com o comandante da unidade e até experimentaram a famosa ração do Exército.
Por Camila Schatzmann Gomes
Na manhã do dia 11 de junho, os estagiários da Revi Digital, Edilson Alves e Camila Schatzmann Gomes, participaram de uma visita ao 62º Batalhão de Infantaria, em Joinville, como parte do programa nacional “Conheça seu Exército”. A iniciativa busca aproximar a sociedade civil das Forças Armadas, apresentando o dia a dia da instituição, suas estruturas e valores.
Os acadêmicos do curso de Jornalismo, da Faculdade Ielusc, junto a outros de demais instituições puderam vivenciar um dia junto ao batalhão. A programação teve início às 8h, contando com uma imersão intensa e informativa junto aos nossos camaradas de fardas, que se estendeu ao longo do dia, até às 18h, proporcionando experiências típicas da rotina castrense.

Ritmo, história e civismo
Pela manhã, os estudantes participaram da formatura matinal, um evento que acontece semanalmente no quartel, como parte dos treinamentos e recepção aos visitantes. Em seguida, a programação continuou com uma visita guiada ao museu da unidade, onde foi possível conhecer um pouco da história local e nacional do Exército Brasileiro. Na ocasião estava presente um veterano que serviu na década de 60 e inclusive participou da missão de paz entre Israel e países vizinhos.
Um momento marcante na visita foi quando os visitantes foram surpreendidos pela banda do batalhão que apresentou um repertório variado, com músicas de Marília Mendonça, Bon Jovi e Bee Gees. “A banda é a alma do batalhão e foi lindo ver as apresentações da banda do nosso batalhão, gostei muito das músicas que foram tocadas, principalmente a terceira do grupo Bee Gees, que me fez lembrar de minha infância, foi legal demais”, conta Edilson Alves, um dos estagiários da Revi que esteve presente no programa.

Logo após, os visitantes foram encaminhados ao auditório, onde participaram de uma conversa com o comandante do Batalhão, Coronel André Cabral, em um momento de troca de conhecimentos e experiências.
Em um tom formal, mas aberto ao diálogo, o comandante compartilhou diversas informações sobre a instituição, como a origem do Exército, as formas de ingresso, missões de paz realizadas, estrutura hierárquica, armamentos e guerras históricas. Também abordou como o batalhão atua em situações de emergência, como ocorreu durante as enchentes no Rio Grande do Sul, no ano passado. Nessa ocasião, o Exército atuou em conjunto com outras autoridades para minimizar os impactos na região afetada.
Uma das principais características do Exército, a operacionalidade e prontidão, foi exemplificada pelo próprio comandante, com base na atuação do 62º Batalhão de Infantaria nas enchentes do RS. “Já haviam se passado 30 dias desde o início da catástrofe, e alguém da sociedade me perguntou: ‘Comandante, o 62º BI não vai ajudar no Rio Grande do Sul, não?’”, relatou o Coronel André. Ele explicou que o batalhão já estava atuando no estado desde o início, com bases permanentes e que nunca saíram do local. “Naquela ocasião, estávamos apenas aguardando a troca de efetivo para que os homens que já estavam servindo pudessem descansar, e outros pudessem dar continuidade à missão e foi o que aconteceu. Uma semana depois do questionamento, fomos novamente enviados para lá.”
Durante a conversa, o Coronel explicou como funciona todo o backstage do Exército Brasileiro, destacando o fato de que a instituição responde apenas à autoridade do comandante supremo das Forças Armadas, o presidente da República, independentemente de quem esteja no cargo, seja A, B ou C, sempre em conformidade com a Constituição Federal. Ele também falou sobre a principal missão das Forças Armadas: a defesa da pátria.
“É por isso que a gente treina constantemente, para essa principal missão”, explicou. “Temos que estar prontos para, quando formos acionados, estarmos em condições de cumprir nossa missão constitucional.”
Da teoria à prática

Após a primeira parte da programação, pela manhã, os convidados foram direcionados ao pátio da unidade, onde puderam conhecer alguns dos equipamentos utilizados em ações do Exército: como os de proteção usados em manifestações, armamentos empregados em missões, entre outros.
Em seguida, foram orientados a vestir colete e capacete para dar continuidade à programação. Depois disso, foram conduzidos ao campo de treinamento do batalhão, no caminhão da instituição.

Ao chegarem ao local, como já passava do horário, a primeira atividade foi o almoço. Um dos tenentes aguardava os acadêmicos para realizar a orientação e instrução sobre o preparo da alimentação. Era chegada a hora da famosa (e temida) ração.
Sobre uma mesa, estavam dispostos vários pacotes chamados de Ração Operacional (RO), um conjunto de alimentos projetados para fornecer energia e nutrientes essenciais aos militares em diversas situações, como sobrevivência ou operações de combate. Essas rações garantem que os soldados tenham o sustento necessário para cumprir suas missões.
Existem dois tipos de RO: a de combate (R2), projetada para suprir as necessidades nutricionais de um soldado durante 24 horas, com quatro refeições: café da manhã, almoço, jantar e ceia; e a ração de emergência (R3), voltada para missões mais curtas, com duração de até 12 horas, contendo duas refeições: café da manhã e almoço, ou jantar e ceia.“Às vezes é até melhor receber a de 12 horas, porque você sabe que sua missão vai ser mais curta”, brincou o tenente responsável pelas instruções.
Os participantes puderam vivenciar a experiência de preparar a refeição sob orientação dos soldados. Junto com a alimentação, o pacote da ração inclui um pequeno fogareiro (uma chapa de alumínio) para aquecer a comida, álcool em gel, lenços umedecidos para higienizar os recipientes (um pote e uma caneca de lata), colher e faca de plástico e fósforos, embora, em uma situação real de sobrevivência, não se deva contar muito com este último item, pois ele pode molhar e falhar.
Há diversos cardápios disponíveis, desde estrogonofe de frango até feijoada. As refeições foram distribuídas de forma sortida entre os participantes, que puderam aprender, de forma prática, como agir e sobreviver em situações adversas.

Instruções militares e experiências novas
Na programação, também foi possível vivenciar de perto diversas atividades típicas da rotina do Exército, como as instruções no estande de tiro, onde os alunos puderam manusear o armamento utilizado pelos militares. “Não posso ter uma arma de fogo devido ao meu problema visual, mas é sempre bom praticar um pouquinho, mesmo que seja de brincadeira. Atirar com o fuzil FAL foi incrível! Eu nunca havia pego em uma arma desse tipo, foi inesquecível”, compartilha o acadêmico Edilson.
Outra atividade realizada foi a pista de orientação. Utilizando bússolas e mapas, os visitantes participaram de uma espécie de caça ao tesouro: individualmente, acompanhados por um soldado (para não se perderem), percorreram a área com o objetivo de encontrar bandeiras espalhadas pelo local.
No fim da tarde, em um ambiente preparado, os participantes receberam instruções sobre obtenção de alimentos de origem vegetal, coleta de água, produção de fogo e construção de abrigos temporários e permanentes. Puderam provar também de um sopão de frutas, feito na hora, em uma fogueira pelos militares.

Ao final da visita, foi realizada uma cerimônia de encerramento com todos os envolvidos na programação. Os participantes receberam certificados entregues pelo comandante do 62º Batalhão de Infantaria, em reconhecimento pela conclusão das atividades.
Um aspecto interessante observado durante a visita foi o orgulho demonstrado pelos militares ao ouvirem os joinvilenses utilizarem o termo “nosso batalhão”. Eles expressaram sua satisfação e gratidão pela receptividade da população local.
“De modo geral, a experiência foi maravilhosa. Foi muito bom sentir na pele um pouco do que os nossos militares vivenciam ao servir no batalhão. Não é nada fácil, é preciso disciplina, respeito, força física e boa saúde para estar lá. Do contrário, você não aguenta um dia”, relatou Edilson.
“Não tem como amar aquilo que você não conhece.” A frase, dita pelo comandante durante a passagem dos estudantes pelo quartel, resume bem a importância da aproximação entre a sociedade civil e os camaradas de farda. Como destacou o perfil oficial do Exército em suas redes sociais, momentos como esse fortalecem os laços com a população e reafirmam valores como o patriotismo e a camaradagem.