
Jurassic World: Recomeço (ALERTA DE BOMBA!)
Resenha critica por Guilherme Beck Scolari
Em mais uma tentativa de revigorar a franquia, Jurassic World: Recomeço chegou aos cinemas prometendo muito aos fãs do longa original. Na direção, o prestigiado Gareth Edwards assumiu o controle criativo, liderando um elenco recheado de estrelas, como Scarlett Johansson, Mahershala Ali e Jonathan Bailey – parecia a receita ideal para o sucesso! Então, como se saiu essa nova entrada no universo de Jurassic?
Minha resposta curta para tal pergunta é simples: mal, muito mal! Não apenas os sinais de desgaste da franquia estão mais presentes do que nunca, mas sua construção é extremamente bagunçada, com personagens irritantes, clichês mal utilizados e um esgotamento criativo que chega a dar dó!
A narrativa do longa conta com dois arcos principais: um deles segue os personagens mercenários, vendidos como protagonistas pelo material promocional, enquanto o outro acompanha uma família que achou uma boa ideia velejar sobre águas cheias de dinossauros mutantes (não, você não leu errado). Não somente a trama é estupidamente imbecil, mas requer muita boa vontade do espectador para suspender a descrença diante dos absurdos propostos. Existem momentos do roteiro que forçam a barra, usando artifícios como a morte falsa de diversos personagens para tentar emular – sem sucesso – qualquer pingo de emoção do espectador.
No mais, as cenas de ação seguem a artificialidade do roteiro. Os personagens que possuem real importância na história são protegidos por um escudo invisível, nunca passando a impressão de que correm qualquer tipo de perigo – além de, mesmo após lutarem com diversas espécies de DINOSSAUROS MUTANTES, não apresentarem sequer um ferimento aparente. Além disso, falta inventividade: as coreografias das cenas são muito repetitivas e, por muitas vezes, se contentam apenas em recriar cenas já vistas anteriormente na franquia, usando como justificativa “homenagear” filmes anteriores, mas num tom vazio e sem impacto.
Sem dúvidas, minha maior decepção fica em torno da direção de Gareth Edwards. Apesar de ter criado uma boa cena de abertura para esse novo longa (trazendo uma deliciosa atmosfera dos slashers oitentistas), ele já provou ser um excelente storyteller quando o assunto é escala. Seu trabalho em Godzilla (2014), assim como em Rogue One (2016), se destaca pela forma como transmite o tamanho dos elementos em cena. Infelizmente, parece que, em Jurassic World: Recomeço, Edwards se contentou em enquadrar seus dinossauros de maneira muito convencional, tirando boa parte do que considero a grande marca de sua direção.
No elenco principal, Scarlett Johansson e Mahershala Ali não fazem nada para sair do convencional, contentando-se em fazer poses e carões, com personagens que têm a profundidade de uma folha de papel – ainda que possuam carisma o suficiente para, minimamente, sustentar seus papéis. No arco da família, já não posso dizer o mesmo, pois seus personagens são tão indescritivelmente insuportáveis que se torna difícil para qualquer ator salvá-los. No mais, Jonathan Bailey se destaca, pois recebe um pouco mais de profundidade e diverte com o único personagem que parece se importar com o que está acontecendo em cena.
Outro elemento péssimo do longa são as cenas com product placement (produtos de empresas que patrocinaram o filme inseridos em cena para divulgação da marca) que, além de excessivas, são inseridas em momentos-chave da história, tirando o foco da cena e distraindo por sua obviedade, tornando o roteiro, que já não era muito forte, em algo completamente risível.
Além do mais, a integração dos efeitos visuais consegue ser menos convincente do que a do filme original de 1993 – ainda que tecnicamente melhores – e a trilha sonora brilhante de John Williams, uma vez tão marcante, agora se esvazia em meio à repetição excessiva e à falta de inventividade das músicas novas.
Pode até parecer que eu odiei por completo esse novo Jurassic World, mas ressalto que o filme ainda consegue ser melhor do que a bomba anterior da franquia: Jurassic World: Domínio (2022). Mas, infelizmente, os belos cenários e a bonita cinematografia, assim como o estrelado elenco, ficaram longe de me conquistar. Não gaste seu dinheiro para ir ao cinema; recomendo assistir ao longa no streaming – caso tenha interesse.
Avaliação: 2/5