
Superman (2025): Novos erros, novos acertos…
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Eu queria muito dizer que amei essa nova versão de Superman, dirigida pelo mais que excelente James Gunn, mas, infelizmente, acredito que esta seja uma das mais fracas obras do diretor. Isso não quer dizer que seja ruim, de forma alguma, mas o roteiro bagunçado e os excessos do longa acabam transformando uma experiência que poderia ser excepcional em algo apenas divertido.
Começando pelo que julgo ser a maior qualidade, acredito ser um tremendo alívio ver um longa de super-heróis brilhante, leve e que não tem medo de sua identidade muitas vezes tosca e infantil. Superman (2025) encontra sua força na fidelidade aos quadrinhos, assim como aos desenhos do personagem-título. James Gunn demonstra entender a essência de Superman e trazer aquilo que os fãs tanto ansiavam: encontrar um símbolo de esperança e bondade no coração do longa — indo na contramão da versão de Zack Snyder, focada em desconstruir a mítica do herói.
David Corenswet está perfeito no papel, sem mais nem menos. Seus trejeitos como Clark Kent bebem muito da influência de Christopher Reeve, mas David cria uma versão própria do personagem, única deste universo e que casa perfeitamente com as intenções de James Gunn. Nicholas Hoult entrega, para mim, a versão definitiva de Lex Luthor, cuja única coisa maior que sua inteligência é seu ego — roubando a cena com um bom balanço entre a caricatura vilanesca e a megalomania do personagem. No mais, Rachel Brosnahan tem muita química com Corenswet, em uma versão aventureira e encantadora de Lois Lane. Outro grande destaque do longa é o personagem Sr. Incrível, interpretado por Edi Gathegi, que rouba a cena com muito carisma, especialmente naquela que considero a melhor cena de ação do filme.
Além disso, a cinematografia impacta com uma explosão de cores, complementada por excelentes efeitos especiais e pela ousada escolha de Gunn em usar lentes ultra grande-angulares, que proporcionam forte distorção da imagem e transmitem muito bem a sensação de velocidade nas cenas de voo, além de fluírem maravilhosamente bem em meio à ação — sem comprometer o entendimento das coreografias.
As fragilidades começam a surgir quando analisamos o roteiro, que tem a difícil missão de, além de apresentar Superman para um novo público e agradar os fãs de longa data, construir um novo universo cinematográfico, deixando pistas para novas histórias e personagens. No lado positivo, o mundo do filme parece muito vivo, dando a impressão de que há muito mais a ser explorado. No entanto, o excesso de personagens e subtramas acaba tornando Superman quase secundário em seu próprio filme. Tais aspectos impactam fortemente o segundo ato, no qual a necessidade de desenvolver melhor as diversas storylines não parece se encaixar de forma orgânica. O excesso de atenção ao cachorro do Superman e à Gangue da Justiça, por exemplo, deveria ceder mais espaço a cenas que desenvolvessem melhor as relações de Clark com sua família e com os outros membros do Planeta Diário, que acabam relegados a momentos muito esporádicos na trama.
Felizmente, o ritmo acelerado e o tom leve, somados às boas cenas de ação, conseguem sustentar minimamente o roteiro inconsistente.
A trilha sonora foi uma grande decepção, pois conta com pouca originalidade, sustentando-se quase exclusivamente no uso repetitivo de temas familiares, com pequenas alterações, desperdiçando o potencial de elevar com maior impacto o que se vê em cena.
Embora cheio de subtramas que tiram o foco do protagonista — além de conveniências e furos na trama — Superman (2025) entrega uma divertida aventura com um tom leve e esperançoso, encantando com um forte elenco e excelentes cenas de ação, resultando, assim, em um promissor novo universo DC nas telonas.
Para ainda mais Superman, fica o link para a crítica em vídeo:
Avaliação: 3.5/5