
Capitão América: Lastimável Mundo Novo
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Não é novidade para ninguém que o gênero de super heróis já está a tempos “saturado”. O excesso de produções, assim como a constante necessidade dos estúdios em expandir suas franquias, a mercê de contar boas histórias acabaram resultando no cenário atual. Sob esse contexto, Capitão América: admirável mundo novo parece chegar aos cinemas já com pouco fôlego – o novo longa da Marvel Studios busca trazer um novo alter ego para o escoteiro americano. Dessa vez, Sam Wilson – anteriormente conhecido como o sidekick Falcão, assume o manto de Capitão América.
A verdade é que, embora pareça haver uma tentativa de emplacar Anthony Mackie como o novo líder dos vingadores, Admirável mundo novo falha em consolidar essa nova fase do herói ao ficar preso em um roteiro que almeja muito, mas realiza pouco. A espionagem é burocrática e previsível, as poucas cenas de ação tem coreografias excessivamente artificiais, e a inconsistência dos efeitos especiais, assim como a falta de uma direção com personalidade, resultam em uma experiência demasiadamente esquecível.
O longo deve funcionar bem para aqueles despretensiosos espectadores que buscam apenas um rápido divertimento, sem se preocupar com a qualidade do que estão consumindo, visto que Admirável mundo novo não é ofensivamente ruim – apenas insípido ao que tem a oferecer.
O elenco conta com o veterano Harrison Ford, que aqui interpreta o presidente dos Estados Unidos, Thunderbolt Ross. Aos 82 anos, o intérprete de Han Solo impressiona com a melhor performance do longa. Sua expressividade, assim como carisma e presença de cena acabam o tornando o melhor elemento do filme. Anthony Mackie, infelizmente não consegue convencer como o novo Capitão América, ficando assim na sombra de seu antigo colega de elenco Chris Evans. Sua performance em si é funcional, porém o fraco roteiro da produção, assim como o carisma mediano do ator, resultam em um personagem tedioso, que não consegue sair da sombra de seu antigo intérprete. Do elenco secundário, Gean Carlo Esposito faz mais uma vez o tipo de personagem que já está muito acostumado, sem sair de sua zona de conforto. No mais, Danny Ramirez é introduzido como o novo Falcão do Universo Marvel e, embora o ator pareça muito empolgado com a oportunidade, seu personagem acaba mais irritante do que divertindo como alívio cômico.
A estrutura da história parece tentar emular aquilo feito em Capitão América e soldado invernal, mas carece do que tornava aquela produção especial. A falta de atenção para problemas de lógica interna no roteiro, assim como furos – levam a frustrantes momentos onde o longa frustra por quebrar com a suspensão de descrença do espectador- gerando aquele sentimento de “até capaz…” que quebra com a imersão de qualquer um.
No mais, o longa conta com uma boa trilha sonora e até consegue explorar alguns arcos previamente estabelecidos no Universo Marvel, trazendo elementos significativos de “O incrível Hulk” e “Eternos”, mas infelizmente, embora prometa muito para o futuro da franquia, não consegue ser satisfatório no presente.
É uma lástima ver o potencial desperdiçado, agora basta ver se os próximos lançamentos Marvel irão ser um pouco mais inspirados! – Thunderbolts e Quarteto Fantástico, eu tô falando de vocês…