
This is Disney Channel, baby
Demi Lovato e Jonas Brothers no mesmo palco, reacendeu não só um feat icônico, mas toda uma geração apaixonada
Por Camila Schatzmann Gomes
Na última semana, os fãs de plantão tiveram um momento de pura nostalgia: Demi Lovato subiu ao palco ao lado dos Jonas Brothers, recriando uma química que parecia ter ficado guardada nos anos 2000. Bastaram alguns segundos para que as redes sociais explodissem em lembranças, fazendo todo mundo voltar à época em que a TV a cabo era o portal para músicas, séries e filmes que definiram uma geração.
Nos anos 2000, muitos fãs da Disney Channel tinham uma rotina quase sagrada: chegar da escola a tempo de assistir à série favorita, acompanhar Violetta às 19h ou esperar pelo filme da noite às 22h. Reprises de clássicos como Encantada, Teen Beach Movie e Descendentes eram frequentes, mas ainda assim garantiam a atenção do público, consolidando uma geração que cresceu imersa nesse universo de séries, filmes e música.
Foi a era em que Camp Rock ditava os hits que todo mundo tentava decorar, High School Musical transformava os ambientes em palcos improvisados, e Hannah Montana nos fazia acreditar que era possível viver uma “vida dupla”. Entre as risadas com Zack & Cody: Gêmeos em Ação, os crushes musicais de Austin & Ally e a rebeldia contagiante de Lemonade Mouth, o Disney Channel viveu seu auge, uma fase que até hoje é lembrada como referência cultural e pop para quem cresceu com ela.
A era de “ouro”
E não apenas os seriados e filmes, até mesmo as propagandas prendiam os telespectadores. Quem nunca decorou a fala de seu artista favorito, antes de voltar ou ir para o comercial se apresentando com o clássico bordão “Oi, eu sou [nome] e você está assistindo ao Disney Channel!”, seguido de um desenho icônico com a “varinha mágica”? De vez em quando o intervalo comercial era apenas um clipe musical de algum filme ou série, mantendo o público conectado ao canal.
Na época, tudo que se desenrolava no Disney Channel tinha grande intensidade e influência, ditando moda dentro e fora das telas. Séries como Sunny – Entre Estrelas, No Ritmo, Garota Conhece o Mundo, Os Feiticeiros de Waverly Place, Gravity Falls, Jessie e Boa Sorte Charlie marcaram toda uma geração: apenas ouvir os nomes já remete a trilhas sonoras específicas e desbloqueia inúmeras memórias afetivas.

Não tem como lembrar desses momentos sem sentir um toque de nostalgia. Programas como Art Attack dominavam as manhãs, trazendo ideias criativas, inventivas e até resenhas divertidas, incluindo aquele famoso coco falante que conquistava a audiência.
Foi ali que muitos fãs tiveram seu primeiro contato com ídolos que se tornariam referência no entretenimento juvenil, como Miley Cyrus, Sabrina Carpenter, Zendaya, Jonas Brothers, R5, Selena Gomez, Demi Lovato, Sofia Carson, nosso eterno Cameron Boyce entre muitos outros. O Disney Channel se consolidou como uma verdadeira incubadora de talentos que marcaram e marcam até hoje, gerações.
O lado oculto da fama
Embora a emissora tenha lançado carreiras icônicas, a transição para a vida adulta nem sempre foi fácil. Muitos artistas enfrentaram desafios psicológicos, pressão midiática e problemas pessoais após deixar a emissora. Demi Lovato, por exemplo, passou por transtornos alimentares, dependência química e problemas de saúde mental; Miley Cyrus precisou lidar com intensa vigilância da mídia e impactos visíveis na autoestima; e Selena Gomez chegou a revelar que a fama precoce afetou seu desenvolvimento pessoal. Até artistas como Britney Spears, que começou no Mickey Mouse Club, enfrentaram batalhas públicas por autonomia e equilíbrio emocional.
Apesar dos desafios enfrentados por muitos ex-astros da Disney, momentos como o reencontro de Demi Lovato com os Jonas Brothers mostram que a magia daquela era ainda permanece. O palco se tornou um ponto de celebração não apenas da nostalgia, mas também da resiliência e do legado cultural que esses artistas construíram, lembrando fãs de que, mesmo após altos e baixos, a influência permanece viva na memória de toda uma geração.

Transição midiática
Com a ascensão dos serviços de streaming, a rotina da TV tradicional mudou, e o Disney Channel precisou dividir espaço com plataformas sob demanda. Em fevereiro de 2025, o Disney Channel Brasil encerrou suas operações, como parte de uma estratégia da The Walt Disney Company de concentrar seu conteúdo no Disney+. Sua última transmissão, antes do encerramento das atividades no país, foi um episódio de Phineas e Ferb.
O canal, que operava desde 2001, teve seu catálogo migrado para o streaming, que posteriormente passou por mudanças e se fundiu ao Star+. A empresa justificou o encerramento com base nas “transformações no cenário local de mídia e entretenimento”, visando se adaptar e atender às novas demandas dos consumidores de forma mais ágil e inovadora.
Embora o Disney Channel tenha perdido protagonismo para os streamings, seu legado permanece vivo na memória de quem cresceu com suas séries e filmes. Mesmo após o fim da era de ouro, o impacto cultural do canal continua influenciando os fãs e reforçando a nostalgia de toda uma geração.
Séries, filmes e artistas daquela era continuam presentes na memória afetiva e na vida de uma geração que cresceu acompanhando cada lançamento. Demi Lovato e Jonas Brothers dividindo o mesmo palco recentemente reforça que, mesmo em meio a mudanças de hábitos e plataformas, a magia e o impacto cultural daquela época seguem marcando fãs ao redor do mundo.
