
Mais de 10 Anos depois: Como um dos filmes mais icônicos da última década se sustenta?
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Quando assisti Interestelar pela primeira vez, o filme não conseguiu corresponder às expectativas que eu tinha em relação à sua reputação. Muitas pessoas consideram este um dos melhores filmes de ficção científica já feitos, mas eu simplesmente não consegui enxergar isso. Sim, o roteiro é muito bem escrito, e o fato de ser majoritariamente “cientificamente preciso” é impressionante! No entanto, isso não foi o suficiente para me prender por quase três horas de duração. As longas cenas explicando as complexidades dos buracos negros, contrastando com a falta de conexão emocional entre Cooper e qualquer outro personagem que não fosse sua filha, me incomodaram bastante. O plano absurdo de Matt Damon e sua traição são outros elementos que me tiraram completamente da experiência do filme. Dito isso, Interestelar tem cenas tão únicas e belas que é fácil entender por que tantas pessoas amam o filme.
Matthew McConaughey entrega a performance de uma vida, com inúmeras falas icônicas e cenas intensas. A profundidade emocional que ele atinge é absolutamente devastadora, especialmente considerando a jornada pela qual seu personagem passa. Anne Hathaway também está excelente, assim como o resto do elenco de apoio. No entanto, os grandes destaques são Mackenzie Foy e Jessica Chastain. E só para não esquecer: Timothée Chalamet também está no filme. Sua performance é ok, mas sempre esqueço que ele trabalhou com Christopher Nolan neste filme, então acho engraçado que Chalamet esteja aqui.

Agora, para os meus aspectos favoritos: as cenas no espaço são de tirar o fôlego. Cada efeito visual é impecável, e a criatividade por trás do uso deles é incrivelmente envolvente. Ondas gigantes, planetas rochosos e interpretações visuais de conceitos abstratos são o que tornam Interestelar tão especial.
A direção de Christopher Nolan é complexa. Embora tecnicamente impressionante, acho que ele tem dificuldade em criar conexões emocionais entre personagens que não sejam Cooper e sua filha. Embora não sejam completamente rasos, achei difícil me importar com a maioria dos personagens em cena – eles parecem mais figuras de ação do que pessoas reais. Em um filme que gira em torno do futuro da humanidade, essa falta de conexão parece um pouco desconfortável. Outro problema que tive foi com o ritmo. Ele é inconsistente, com momentos de grande intensidade intercalados por diálogos menos envolventes. Esse problema faz o filme parecer que vai terminar várias vezes, mas ele continua… e continua… e continua, deixando o espectador cansado no final da jornada.
Apesar dessas falhas, Nolan cria cenas emocionantes e conta sua história com um charme inegável. Meu momento favorito acontece no segundo ato, quando a equipe visita o planeta onde uma hora equivale a sete anos na Terra. É um conceito tão fascinante e assustador que resulta em uma das melhores cenas da filmografia de Nolan.
Um dos maiores pontos fortes de Interestelar é sua trilha sonora, composta por um dos maiores músicos de todos os tempos: Hans Zimmer. Não há palavras suficientes para descrever o quão bela e consistente é a sua obra. Cada nota combina com a grandiosidade do espaço, seus mistérios e perigos, criando uma trilha que provavelmente continuará perseverando ao teste do tempo.
No geral, minha opinião sobre Interestelar não mudou muito ao longo dos anos. Ainda é um ótimo filme, que eu aprecio bastante – embora continue achando um pouco superestimado. Se você nunca assistiu, recomendo fortemente – mas esteja preparado para uma longa (e um pouco cansativa) jornada por um dos temas mais fascinantes da humanidade: o tempo e o espaço.
Avaliação: 4/5