
Invocação do Mal 4: Quando a fórmula cansa! (2025)
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
A saga dos Warren chega ao seu capítulo final com Invocação do Mal 4: O Último Ritual. Após dois primeiros filmes que se firmaram como referência de terror moderno (e um terceiro longa mediano, mas que ainda dava conta do recado) esperava-se um encerramento digno para a franquia. Infelizmente, o resultado entrega (muito) menos do que prometia.
A direção de Michael Chaves – também responsável pelo terceiro filme da saga, além de A freira 2 e a Maldição da Chorona (esse é muito ruim!) – tenta emular o estilo de James Wan, que criou o Universo de invocação do mal e dirigiu os dois primeiros filmes – mas falha em capturar a essência que tornava aquela direção especial: o timing dos sustos, a construção de mundo e a atmosfera de tensão hipnotizante – além de um jogo ds camera dinâmico, utilizando de takes longos, oscilando entre câmera na mão para enfatizar o realismo e giros fluidos para os elementos sobrenaturais.
A sensação do trabalho de Chaves é de uma direção que apenas recicla batidas um dia inovadoras sem muita inspiração, oferecendo sustos facilmente telegrafados e uma falta de inventividade que assusta mais do que o filme em si!
A narrativa também sofre com ritmo truncado. A história se desenvolve de maneira desnorteada, deixando lacunas entre o excessivo número de subtramas e tornando a experiência arrastada. A despedida de Ed e Lorraine Warren acaba se tornando cafona em meio a tantas situações já exploradas e o excessivo apelo emocional do filme, gerando uma impressão de auto paródia onde os protagonistas parecem mais super heróis do que pessoas reais (com a trilha sonora, inclusive, colaborando para tal impressão)
Os atores permanecem excepcionais. Todos esses anos interpretando o casal Warren fazem com que Vera Farmiga e Patrick Wilson segurem a barra com facilidade, sendo essa química entre os atores um dos poucos fatores genuinamente bons nesse quarto capítulo.
Os personagens novos não ofendem, mas tomam muito espaço em cena, principalmente a filha dos Warren, Judy – que possui uma subtrama que toma um tempo inexplicável no roteiro batendo na mesma tecla, trazendo uma resolução preguiçosa e um “desenvolvimento” repetitivo ao ponto de beirar o ridículo. Um maior foco na trama central ajudaria a experiência um pouco menos entediante. É realmente uma pena os realizadores não acreditarem em suas ideias, apenas abusando de elementos já conhecidos pelos fãs (como referências e rostinhos de longas anteriores) para tentar tirar alguma emoção do frágil roteiro.
Em suma, Invocação do Mal 4 é um filme mediano, que não consegue honrar a importância histórica da franquia. Para fãs hardcore, ainda é possível extrair alguma nostalgia e dar um adeus aos Warren, mas para quem esperava um fechamento digno e memorável, a frustração é inevitável. A franquia, antes reconhecida por ter revolucionado o horror moderno, encerra este capítulo de forma morna e segura, sendo apenas mais um produto ao meio de tantos – longe do impacto que a tornou tão importante em primeiro lugar.
(Se estiver a fim de ver um filme de terror, veja “Faça ela Voltar” (2025) – pois esse sim faz por merecer!)
Avaliação: ⭐️⭐️,5 / 5