Campo de futebol tradicional chega ao fim
Time amador de Joinville teve que deixar o local na segunda semana do mês de agosto
O Aviação Futebol Clube está mandando seus jogos na Arena Joinville. No dia 19 de agosto,
foi realizada uma reunião com o prefeito Adriano Silva e Douglas Steffen, Secretário de
Esportes da cidade. Na conversa, ficou acordado que a prefeitura cederia o estádio municipal
ao clube pelo restante da Primeirona. A escolinha de futebol Ecuador/Aviação se transferiu
para o campo do Aventureiro. Isso ocorre após o clube receber uma ordem de despejo da
Justiça Federal no início de agosto.
Em entrevista ao Primeira Pauta, o deputado federal de Santa Catarina Darci de Matos (PSD)
declarou ter levado o assunto para a direção nacional da Motiva e também ao Silvio Costa
Filho, Ministro de Portos e Aeroportos, mas sem retorno nas suas tratativas. Ele lamenta a
perda, pois “é uma pena, porque o clube presta trabalhos sociais, escolinha, clubes de mães e
idosos. E promove também o lazer aos sábados, domingos, centenas de jogos do amador a
décadas”.
A notícia não impacta apenas o time, mas também os moradores das regiões mais próximas,
impedindo o funcionamento da escolinha de futebol com projetos sociais para comunidade,
que reúnem mais de 300 crianças dos bairros vizinhos. “O impacto é que irei perder várias
crianças para rua. Tenho muitos atletas bolsistas, são os que mais me preocupam”, disse
Henry Ochoa, treinador e proprietário da escolinha Ecuador/Aviação.
Na sexta-feira, 8 de agosto, o Aviação Futebol Clube recebeu a ordem de despejo da Justiça
Federal movida pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e a Concessionária do
Bloco Sul, que administra o Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, de Joinville. O campo se
encontra em um espaço cedido ao time há 73 anos pela Prefeitura do município, ao lado do
aeroporto. O terreno, que servia como ambiente de lazer, atividades socioculturais e
desportivas do clube, foi declarado propriedade da União em 2015.
Viginesk
Em 2021, a empresa Motiva, antiga CCR, venceu a concessão se tornando administradora do
aeroporto. O terreno fazia parte do leilão, passando a pertencer à empresa. No ano de 2023, a
Motiva procurou o clube, com objetivo de negociar um pagamento mensal de aluguel, no
valor de R$ 96 mil e mais 9,6 mil reais como despesa de condomínio. A diretoria do time
recusou, alegando não possuir verba para o pagamento. Em dezembro daquele ano, o clube
recebeu a primeira notificação de despejo. Com atuação junto às autoridades e advogados, se
manteve no local até esse ano. A ordem de despejo definitiva foi entregue no dia 8 de agosto,
com apenas uma semana para deixar o local.
“Com o objetivo de facilitar o processo e evitar transtornos, como a necessidade de
desocupação forçada com apoio policial, recomendo que os pertences existentes no imóvel
sejam retirados durante o final de semana. Essa medida visa garantir uma transição mais
tranquila para todas as partes envolvidas”, informa o trecho da mensagem que Nelson Cercal,
atual presidente do clube, recebeu via WhatsApp da Justiça Federal.
Atualmente, o Aeroporto de Joinville possui uma média de 1.350 passageiros por dia, com
uma capacidade de 1.3 milhão anualmente. Atende diariamente voos comerciais para
Congonhas e Viracopos, localizando-se em uma rota importante comercial, pois está próximo
a 3 grandes portos do Brasil, sendo eles Itapoá, São Francisco do Sul e Navegantes, além de
linhas ferroviárias. A cidade é um grande polo industrial, contendo diversas multinacionais,
isso o torna um grande potencial de crescimento.
Do asfalto para os gramados
Durante as construções do Aeroporto de Joinville, em 1945, um grupo de trabalhadores
reuniu-se para montar um time de futebol. Seu primeiro nome seria Varig, remetendo à
companhia aérea que operava na época. O time perdurou até 1951, quando foi fundado
oficialmente o Aviação Futebol Clube, com o nome em homenagem ao aeroporto.
A administração do clube passou de pai para filho. Iniciou com Osvaldo de Oliveira Cercal, o
seu Teté, que foi um dos fundadores e o campo leva seu nome. Hoje está com Nelson de
Oliveira Cercal. Desde sua fundação, o time disputa o campeonato amador da cidade, sendo
bicampeão da segunda divisão. Atualmente, está competindo a primeira divisão, a famosa
Primeirona. Questionado sobre a situação do mando de campo para o restante do
campeonato, o atual presidente dispara “Estou esperançoso que meu advogado consiga
reverter a situação. Como tenho bom relacionamento com outros presidentes, já vieram me
oferecer seus campos e caso seja necessário, irei migrar”. Após reunião com a Prefeitura de
Joinville, a arena da cidade foi cedida ao clube mandar seus jogos até o fim do campeonato.
O clube tem a esperança de conseguir recuperar seu local e se manter até dezembro, para
depois, tomar decisões definitivas sobre o cenário
