
Guardiões da Galáxia Volume 3: Ainda fresco!
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Guardiões da Galáxia Vol. 3 é a cereja no topo de uma trilogia espetacular. Em uma época em que filmes de super-heróis frequentemente parecem desgastados, o Vol. 3 continua sendo um sopro de ar fresco, mesmo dois anos após seu lançamento.
O maior destaque da estrutura do filme é o quanto ele se preocupa pouco em desenvolver futuras tramas ou preparar terreno para novos filmes ou franquias. Em vez disso, Guardiões 3 foca em contar uma história envolvente e encerrar sua trilogia da forma mais satisfatória possível.
James Gunn recebe muitos elogios por seu estilo único, mas pouco se fala sobre o que torna este filme especial e diferente de seus antecessores. Gunn oferece uma aula magistral sobre paralelismos, criando cenas que ecoam os filmes anteriores de forma charmosa e engenhosa, ao mesmo tempo que adicionam novos significados. Um exemplo marcante é a sequência de abertura, que subverte a icônica cena dos créditos de Hooked on a Feeling. Em vez de Peter (ou Groot, no segundo filme) dançando, vemos Rocket caminhando de forma dramática ao som de Creep do Radiohead, estabelecendo o tom do filme. Gunn continua utilizando a música de maneira magistral, impulsionando a narrativa com escolhas musicais intencionais e impactantes.
Outro aspecto brilhante da direção de Gunn é seu uso da continuidade. Ele incorpora elementos dos filmes anteriores sem precisar recorrer a retcons ou explicações forçadas (como seu trabalho com a personagem Gamora e Adam Warlock), algo raro na era dos “universos cinematográficos”.
As cenas de ação em Guardiões 3 estão entre as melhores da trilogia. As apostas são altas, e a mistura impecável de CGI com efeitos práticos, somada a movimentos de câmera dinâmicos e lentes distorcidas, dá ao filme uma estética única e estilosa. Uma sequência específica no corredor é incrivelmente divertida e visualmente deslumbrante.
O arco do vilão também é impressionante. Suas motivações são tangíveis, e sua ideologia é tão desprezível que é impossível não odiá-lo – no melhor estilo Darth Vader/Lorde Voldemort.
Eu poderia escrever páginas sobre as conquistas técnicas do filme – o design de figurino, que parece saído direto dos quadrinhos; os cenários meticulosamente criados; e a direção de arte incrivelmente detalhada. No entanto, nada disso importaria se o roteiro não funcionasse – e, felizmente, funciona.
A história começa com uma perspectiva profundamente pessoal. Não há uma grande ameaça ou perigo iminente que os heróis precisam enfrentar – pelo menos, não diretamente. Em vez disso, o grupo enfrenta algo universal: a inevitabilidade da morte. Embora isso possa parecer simplista à primeira vista, o desenvolvimento da narrativa a partir dessa premissa é tão bem construído que captura o espectador com facilidade.
Uma mudança necessária neste capítulo é o ajuste do humor. Mais uma vez, Gunn demonstra sua habilidade ao garantir que momentos emocionais não sejam interrompidos por piadas bobas – e vice-versa. O equilíbrio tonal é impecável, mesmo sendo este o filme mais sombrio da trilogia.
Guardiões 3 continua me surpreendendo. O filme parece envelhecer como um bom vinho, com uma história profundamente emocional e pessoal que ressoará por muitos anos. Uma verdadeira obra-prima do gênero de heróis!

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️/5