
Gênio Indomável: O zelador mais inteligente do mundo! (1997)
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Good Will Hunting, ou “Gênio Indomável” (mantendo a tradição de traduções horríveis aqui no Brasil), dirigido por Gus Van Sant e lançado em 1997, é um drama que trata de traumas, desvios de comportamento e do potencial humano. O longa acompanha Will Hunting (Matt Damon), um jovem brilhante de 20 anos que trabalha como zelador no MIT, uma das faculdades mais prestigiadas do mundo. Acontece que Will é um gênio, capaz de resolver problemas matemáticos que muitos levam anos para solucionar em apenas algumas horas.
Hoje em dia, Gênio Indomável tem o ar de cinemão clássico – com atores consagrados como Robin Williams, Stellan Skarsgård, Ben Affleck e Matt Damon – além da trilha sonora do gigante da indústria Danny Elfman e de um roteiro profundo, dramático e um tanto à frente de seu tempo. Não parece, mas o longa já tem quase 30 anos!
O gancho de interesse aqui é intrigante: por que alguém tão inteligente quanto Will se contentaria com tão pouco? Um emprego de zelador que não exige nada de sua intelectualidade, amigos tremendamente infantis e, acima de tudo, qual a origem de tanto ódio e agressividade em seu comportamento?
É assim que o longa convida o espectador para um profundo estudo de personagem, não apenas desenvolvendo o próprio Will, mas também seu psicólogo (interpretado por Robin Williams) e o professor Gerald Lambeau, cuja missão é levar Will aos holofotes acadêmicos, assim como ajudá-lo a ter uma carreira profissional de sucesso.
A escrita dos diálogos é afiada, e a carga emocional também, ainda que o drama se desenvolva de forma lenta e intensa. Matt Damon entrega uma excelente performance, mesmo contracenando com o irretocável Robin Williams em uma de suas maiores atuações, trazendo uma composição com leves notas de comédia, que o tornaram tão famoso.
Outro elemento que surpreende é a naturalidade com que o longa consegue juntar tantos temas distintos – tratando de classes sociais, amor, luto, violência física e psicológica, ego e o que é sucesso profissional, por exemplo – sem parecer uma salada indigesta. O convite à reflexão é envolvente, com monólogos impactantes capazes de mover montanhas!
Além das atuações, Gênio Indomável se destaca pela riqueza no desenvolvimento de temas universais: a busca pelo eu, o impacto dos traumas do passado e o lento processo de cura para se abrir aos outros. Facilmente, o filme poderia se tornar piegas, mas graças à direção sensível de Van Sant, assim como a um roteiro recheado de momentos memoráveis, o resultado é uma experiência que permanece com o espectador muito depois dos créditos rolarem.
Gênio Indomável é muito mais do que um filme sobre matemática ou traumas; é uma rica reflexão sobre relacionamentos, cura, aceitação e a importância de acreditar em si mesmo, assim como de encontrar pessoas que entendam nossas falhas e, dessa forma, nos aceitem. Um clássico moderno que emociona, inspira e faz refletir.

Avaliação: 5\5