A terapia das quadras: conheça a história de Dario Schulz
Por Thiago Santos e Kamila Fortunato
A vida pode mudar em questão de segundos. Foi exatamente isso que aconteceu com Dario Schulz, joinvilense, que viu tudo virar de cabeça para baixo após um grave acidente. Mas o basquete em cadeira de rodas o reergueu e mostrou um novo caminho.
Dario sempre teve uma ligação forte com o esporte. Desde cedo, o movimento, a superação e a energia das quadras faziam parte da sua vida. Mas tudo mudou em instantes. Em 2022, um acidente grave de moto o levou direto para o hospital, onde permaneceu internado por um longo e doloroso período. O quadro de saúde foi piorando aos poucos e, com o diagnóstico de osteomielite, foi descoberto uma infecção óssea grave. A solução, uma amputação abaixo do joelho, conhecida como amputação transtibial.
Permaneceu no hospital por 60 dias e passou por nove cirurgias ao todo. Foram dias e noites de dor e incerteza. Ele diz que, em vários momentos, acreditou que nunca mais teria qualidade de vida e que perderia a autonomia que sempre teve.
Poucos dias após receber alta, Dario recebeu uma visita que mudou sua história. Uma funcionária da Secretaria de Esportes de Joinville soube do seu caso e foi até sua casa. Ela sabia da sua paixão antiga pelo esporte e o convidou para conhecer um clube da cidade, o CEPE/Raposas do Sul. Ele poderia ter recusado, poderia ter continuado preso ao medo e às limitações, mas se permitiu tentar.

Ele nunca fez terapia formal. Não procurou um psicólogo. Para Dario, o esporte foi tudo isso, a terapia foi nas quadras. Aos poucos, foi treinando, evoluindo, e quando viu, já estava inserido no esporte de alto rendimento. Como ele mesmo disse, não é porque é paralímpico que o esforço é menor. São treinos três vezes por semana até às dez da noite, alimentação regrada, academia, dedicação total. Todo esse esforço chamou atenção.
Então, menos de três anos depois, veio a grande notícia, o olhar da Seleção Brasileira. Passou por uma seletiva e defendeu o Brasil no Sul-Americano em Bogotá, na Colômbia. A seleção garantiu o terceiro lugar. Após essa convocação, já se foram mais duas, sendo uma delas para a Copa América de Basquete em cadeira de rodas em 2025, ficando em quinto lugar.

Hoje está nos planos da seleção para as Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028. Atualmente, ele segue firme em seu objetivo, com amistosos, treinos e novas seletivas a caminho, sabe que cada detalhe conta.
Dario embarcou no dia 2 de outubro para a Alemanha, onde irá passar 7 meses jogando por lá. Ele se torna o primeiro atleta catarinense da modalidade a realizar o feito. Às vezes, o que parece o fim pode ser, na verdade, um recomeço. Como ele mesmo disse:
“A prótese me colocou de pé fisicamente, mas foi o esporte que me colocou de pé na vida”
Dario Schulz
